Houve já outras situações de mortes na família em que nos foi impossível fazer a viagem. É muito mais difícil estar longe na dor…
Lidar com a dor, à distância…
Um passeio no parque, uma ida à Igreja onde acendemos uma vela, uma caminhada na montanha em que quando paramos para comer qualquer coisa brindamos ao ente querido ou falar sobre ele/ela à mesa do jantar foram algumas maneiras encontradas para superar a distância e conseguir parar por uns momentos e focalizarmo-nos na realidade que está a ser vivida intensamente tão longe.
Também já fizemos sessões de FaceTime em que nós deste lado e eles todos juntos do outro enviamos beijos pelo ar e trocamos piadas e todos falam ao mesmo tempo. Ninguém se entende mas partilhamos um pouco os momentos familiares. Mas não é a mesma coisa.
Já passaram uns dias e ainda sinto os meus filhos mais velhos fragilizados…
Nos reencontros, tudo se encaixará
Não efetuaram a viagem, mas a realização profunda da morte tocou-os bastante agora que deixaram de ser adolescentes. Sentiram, penso que pela primeira vez, o que significa estar longe na dor e a consciência de que não viveram a partida do primo confunde-os e surpreende os seus próprios sentimentos. Faltou-lhes o abraço apertado, o beijo na face e o cruzar de olhares de profundo sentimento.
Acredito que quando se encontrarem face a face, em circunstâncias mais felizes tudo se encaixará. E a ausência do primo será sentida, mas falada com muita saudade. Espero que não sintam necessidade de se desculparem por não terem estado presentes porque estavam, espiritualmente estavam, apesar de eu já ter dito por aqui “que não é a mesma coisa’.
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