Um canto do paraíso no Quénia, chamado Msambweni

Tessy Gomes

Após 6 anos, finalmente, deu-se a mudança para onde sempre quis viver, um paraíso no Quénia– na zona costeira do país.

Vamos a mais uma mudança?

Há um ano estava eu tão feliz por ter conseguido finalmente mudar-me para uma casa, com uma renda justa, jardim, sem crianças a gritar e baralho à volta. E não é que agora me mudei outra vez!

Há quem me pergunte se o facto de ter crescido e vivido a 10 minutos de carro da praia, em Portugal influenciou o meu gosto pelo mar. Não o nego, pois somos pessoas de hábitos. Contudo a vida de praia em Portugal e no Quénia são muito diferentes.

Com todo um misto de emoções envolvidos – triste por deixar a casa, que é tão difícil de encontrar a um preço justo em Nairobi, e ao mesmo tempo feliz por ter a possibilidade de viver na praia e concretizar mais um dos meus sonhos.

Como devem imaginar a logística agora com uma criança é muito maior bem como a distância. Mas o bom é que no Quénia a maioria das empresas de mudanças, fazem tudo por nós. Portanto não estive de estar stressada com caixotes, empacotar, arrumar, etc. Foi esperar pela empresa de mudanças chegar, tratar de tudo e apanhar o comboio para a nova aventura.

Msambweni

Msambweni, fica a 536,6km de Nairobi, a 53,8km de Mombasa e a 47km da Tanzânia, e é o nome da aldeia, onde decidi viver e estabelecer a minha associação sem fins lucrativos – Mum’s Togetherness – e a minha empresa social mais conhecida por -TYGE- nome da marca.

A aldeia onde vivo agora fica a sul da costa queniana, entre a conhecida praia de Diani e Shimoni onde podem visitar as caves dos escravos. Com cerca de 12mil habitantes, hoje já é considerada uma pequena cidade. Vive-se sobretudo da pesca, dos cocos, do caju e de algumas frutas exóticas.

Msambweni está em crescimento turístico, com cada vez mais hotéis e apoio aos turistas devido aos corais que atrai os amantes de actividades náuticas, como o snorkelling e passeios de barco. Aqui também terão a oportunidade de ver Baobabs.

Mas como a evolução leva o seu tempo, ainda não é fácil encontrar frango à venda ou comer em restaurantes, aos quais estamos habituados a ter à “mão de semear” nas grandes metrópoles”.
A vida por aqui é muito pacata, com muito sol, humidade, praia e água quente por fazer parte do mar índico. Por aqui anda-se muito a pé (nas horas de menos calor), de mota, tuk-tuk ou bicicleta e poucos são os carros que se circulam por aqui.

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A população é maioritariamente muçulmana ou cristã pertencentes à tribo Digo. Esta população vive de forma muito simples. Casas de tamanho razoável (as famílias são grandes e vivem juntas ou perto umas das outras) muito minimalista. Só tem acesso a luz e água canalizada quem tem condições financeiras, a subsistência vem não só da criação gado, vacas ou cabras, mas a população também trabalha no que podem para conseguirem o mínimo para subsistirem.

Como em todos os lugares do mundo, a COVID-19 trouxe o aumento de preços e como se não bastasse, com as eleições no Quénia as coisas estão ainda mais difíceis para a população queniana.
E os Quenianos será que vivem assim de forma simples por necessidade ou porque querem? Vejamos, cada pessoa tem a sua perspetiva. No entanto a meu ver, um salário mínimo de 100 euros, que só da para a comida, vida tem que se tornar no mais simples e feliz possível.
Em termos de educação, muitas crianças acabam por desistir da escola com cerca de 13/14 anos porque os pais não têm condições financeiras para continuarem a pagar os estudos e são mandadas para casa.

O que me trouxe para Msambweni

Para quem me segue nas redes sociais sabe que já aqui tinha estado há 2 anos de férias e mais recentemente em março de 2022 a trabalhar com as comunidades em redor.

Estive para me mudar para Msambweni em março de 2020, já com casa e tudo programado, mas a covid-19 apareceu, o país fechou, e também descobri que estava grávida. Portanto, o resultado foi cancelar tudo e adiar os planos.

Claro que custou no momento, mas não sou pessoa de negatividade e prefiro acreditar que ainda não era a altura certa. Desta vez, tudo se alinhou de forma tão natural que nunca tive de fazer esforços para encontrar os sítios e pessoas certas, acabando por me mudar no fim de julho de 2022 .

Ao contrário da grande maioria dos quenianos que nunca vê potencial em nada, eu vejo todo um potencial a ser descoberto e desenvolvido nesta aldeia.

Para além da paz, calma e vida de praia que encontro aqui, ainda há muito por fazer por estas pessoas. É o lugar perfeito para me estabelecer profissionalmente até porque moro na parte muçulmana de Msambweni e acaba sempre por ser um desafio (e que me motiva) devido aos temas com que trabalho.

Ajudar as camadas jovens a voltar aos estudos, ajudar a população local a ter mais acesso a um emprego e a uma vida mais digna. Acredito também que é um ótimo lugar para a minha filha de 2 anos crescer com toda a liberdade, brincar com as crianças e criar memórias.
E se não der certo? Se não der certo, não me arrependo de nada porque pelo menos tentei e fui atrás dos meus sonhos, acreditando que há sempre um lugar à nossa espera para se recomeçar.
Sejam então, todos muito bem-vindos a este cantinho do paraíso!

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