Viver em Nova Iorque (New York)

Raquel Ferreira

“I want to wake up in a city That never sleeps” – Frank Sinatra

Viver em Nova Iorque é geralmente associado a Manhattan. Na realidade, este é apenas um dos cinco boroughs de Nova Iorque, juntamente com o Bronx, Brooklyn, Queens, e Staten Island. Cada uma destas partes de Nova Iorque, ainda que ligadas por eficientes e extensas linhas de transportes, tem as suas características próprias, as suas pessoas e o seu mundo.

Viver em Nova Iorque (New York)
Metro de Nova Iorque

Viver em Nova-Iorque, mais concretamente em Manhattan, é sentir a liberdade de um dia-a-dia sem carro. Começar a deixar entranhar-se em nós esta ilha estreita e comprida ao calcorrear, uns bons quarteirões de cada vez, as avenidas na vertical, as ruas na horizontal, os quarteirões numerados e os bairros. Viver em vários bairros diferentes ao longo dos anos até se encontrar aquele que tenha a ver com cada um e o seu estilo de vida.

Viver em Nova Iorque é deixar de se importar de entrar num metro apinhado em hora de ponta, porque há sempre mais um espacinho por ocupar na carruagem. Seguir o trajeto até ao destino, aconchegado ao desconhecido do lado, sentados, ou debruçado sobre outros, em pé, enquanto se evita o olhar desconfortável dada a proximidade. Apenas há espaço para levantar a mão que segura o jornal, o livro, ou telemóvel onde se leem as notícias do dia durante a commute matinal. O metro de Nova-Iorque é um fabuloso mundo de diversidade, pressa e vida. E a variedade de cores de pele e etnias, roupas, estilos e idiomas que se veem e ouvem em Nova Iorque caracteriza bem esta cidade de imigrantes.
Viver em Nova Iorque é atravessar rapidamente a rua mal o sinal fica branco para os peões, porque se não se avança, a multidão atrás de nós pode vir chocar connosco. É começar a embirrar com os turistas.

Porque muitos dos sítios de atração são plásticos, superficiais, e não fazem parte do dia a dia de quem cá vive.

Viver em Nova Iorque (New York)
Times Square

Times Square, com toda a sua aberração de estímulos visuais e azáfama, é provavelmente a praça que mais se evita. A menos que se vá a uma das monumentais salas de cinema que ali ficam, porque vale a pena subir cinco lanços de escadas rolantes se lá em cima se encontra inclinação suficiente para ver o ecrã na totalidade. Ou a menos que se vá ao teatro, porque as luzes da Broadway nunca cansam, são eternas e brilham tanto para turistas como para locais.

Viver em Nova-Iorque é adotar o hábito do café longo que se leva a caminho do trabalho, aquecendo as mãos e o coração nos dias de Inverno. Manhattan é uma cidade de azáfama, buzinas e vapores a sair do chão. Mas também uma cidade de corpos e rostos e de uma multiplicidade humana fascinante.

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3 comentários em “Viver em Nova Iorque (New York)

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  1. Uma perspectiva optimista e bem escrita sobre a difícil vida de um habitante de Manhattan. Como psicóloga, a autora está treinada para encontrar os aspectos positivos de uma realidade que para outros poderia ser adversa.

  2. Gostei muito deste texto. Descreve de maneira arguta, sucinta e acessível a vida como moradora nessa grande cidade.

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