Tenho o privilégio de viver em Miami, num lugar fantástico com sol praticamente o ano todo, com um mar turquesa à porta e que é destino de férias para milhares de pessoas durante os 12 meses do ano.
Os turistas de Miami
No Inverno, os americanos do norte que fogem do frio, fáceis de reconhecer porque são os únicos que tomam banho de mar em Janeiro.
Na Primavera, os Spring Breakers, estudantes de todo o país que vêm para Miami para aproveitar a Week Music e para as parties, e no Verão, os turistas europeus que vão para a Disney ou para as Caraíbas, mas passam aqui uns dias aproveitando o glamour dos restaurantes e da vida de Miami!
Mas viver numa cidade assim, praticamente a roçar o paraíso, nem sempre é fácil… Conciliar o ritmo e até alguma azáfama da vida profissional, com a presença de turistas ao nosso redor, torna-se complicado e às vezes até stressante. Mas vamos por partes…
Miami, no seu melhor
Realmente a região de Miami é uma zona de uma beleza natural incrível e com um clima óptimo, completados com o glamour das casas, dos carros e dos barcos de cruzeiro, a juntar aos belíssimos restaurantes. É um destino tropical, mas com a sofisticação dos EUA, e daí não ser de estranhar que a “vibe” de Miami seja especialmente atrativa para os que sonham com uma vida de luxo.
Aliás, à chegada ao rent a car do aeroporto de Miami, estão sempre 3 ou 4 carros de luxo, descapotáveis, na expectativa que alguém se fascine e queira um upgrade de última hora!
Dos lugares onde vivemos, é, até agora, aquele onde recebemos mais visitas de Família e Amigos! E toda a gente adora Miami, ao ponto de termos um grupo de whatsApp com alguns amigos que já por cá passaram que se chama “ Miami Forever”!!!
Desafios de viver em Miami
Mas como em qualquer cidade que vive muito do turismo, nem sempre é fácil para os seus residentes conciliarem a sua vida do dia a dia, de trabalho, com o movimento e a atividade dos turistas.
E quem vive em Miami Beach sente muito esse impacto.
Começa logo com um imposto que incide sobre restaurantes e bares, o resort fee, e que é pago mesmo pelos residentes. Segundo dizem, o objetivo é financiar o policiamento das ruas e a limpeza, serviços que se intensificam com o aumento de turistas. Mas a verdade é que só acontece em Miami Beach e há dezenas de outras cidades aqui à volta, inclusive Miami.
Mas onde sentimos mais é no barulho da música dos bares em Ocean Drive e dos yachts que passam nos canais que separam a ilha do continente, a qualquer hora do dia e da noite. Porque Miami é um destino sobretudo de festa e quem está de férias não está a pensar nas pessoas que não estão de férias, e que precisam de se levantar todos os dias cedo para irem trabalhar!!
Eventos
A juntar a isso há ainda a referir os vários eventos que trazem dezenas de milhares de pessoas à cidade, começando com o Boat Show em Fevereiro, passando pela Music Week (que inclui o Ultra festival) em Março, a loucura do Memorial weekend, com o Air Show, e terminando com o Art Basel em Dezembro, durante os quais é quase impossível reservar um restaurante e onde o trânsito fica caótico, sobretudo por fecho de ruas, alterações de sentido de vias, entre outros! Não esquecer que Miami Beach tem apenas 48 km2 (menos de metade da cidade de Lisboa)!
Seria possível atenuar estes desafios?
Existem atualmente vários movimentos junto do Mayor para tentar mudar a “cara” da cidade, tornando-a mais destino cultural e de família, e menos de festa! Mas naturalmente que o lobby das discotecas e restaurantes não está interessado em que isso aconteça, porque o consumo médio de quem vem para Miami para “party” é muito mais elevado. E efetivamente a cidade sempre teve esse perfil mais de festa e de loucura!
Mas é perfeitamente claro que existe algum descontentamento dos residentes e está iniciada a velha discussão sobre a capacidade de sobrevivência das cidades sem os seus residentes permanentes, que são quem cria a identidade e quem mantém a vida da cidade. Ou talvez não!!? Porque Miami Beach sem turistas não seria a mesma cidade de certeza e não sei se, nessa altura, os seus residentes permanentes não sentiriam falta da oferta de restaurantes e lazer que só consegue ser sustentada pelos milhares de pessoas que visitam a cidade todos os anos.
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