Faz um ano que ouvi falar da Covid pela primeira vez. Aqui na Suíça os casos começaram mais cedo do que em Portugal. Quando começaram as notícias de mortes e do número de infectados a aumentar, hipocondríaca como eu sou, comecei logo “stressar” e a “panicar”.
Na altura, as minhas amigas, longe de imaginar a gravidade da situação, brincavam comigo e diziam que eu estava a exagerar. Lembro-me que fui a única a faltar à festa de despedida da minha querida vizinha, do olhar de “gozo” das pessoas quando eu tocava com o cotovelo no botão do elevador, lembro-me de rezar para que as escolas fechassem. Sim, tinha medo, e mal sabia que a Covid iria entrar em minha casa em pouco tempo.
A Covid chegou cá a casa
No dia 17 Marco 2020, soubemos da notícia que o meu marido estava infetado. Lembro-me que chorei muito, chorei por medo da doença que mal conhecia. Muitas questões atormentavam a minha cabeça: “Será que ele vai para o hospital? Ou serei eu? E se formos os dois, quem vai ficar com as crianças? Ele esta a tossir, será que está com falta de ar? Eu que sempre apanho as viroses dos miúdos e fico facilmente doente, será que vou ficar muito mal? Será que infetámos mais alguém?”
O pior desta doença é ansiedade que traz consigo, especialmente numa altura em que ainda era desconhecida. Acordava inúmeras vezes durante a noite a pensar que estava com dores de garganta ou com febre ou simplesmente com o som da tosse do meu marido.
Comecei a tomar todas as vitaminas que havia na farmácia, chá de tudo e mais alguma coisa na esperança de evitar o “bicho”. Foram 2 semanas duras, desde gerir toda esta ansiedade e de ao mesmo tempo ter que cuidar da casa, de duas crianças de 4 e 6 anos que não percebiam muito bem porque o pai estava fechado no quarto, da impotência de ver o marido doente e de não me poder aproximar, apenas deixar friamente o tabuleiro com comida e para logo de seguida ter de o desinfetar.
Pelos meus filhos, a ansiedade e o medo foram substituídos por sorrisos e boa disposição. Nunca me vou esquecer do dia de aniversário do meu marido, dois dias depois de termos recebido a notícia de que estava infetado. Fizemos um bolo, apagámos velas, cantámos os parabéns, fizemos um cartão, com a mesma alegria, entusiamo e intensidade de sempre. Afinal o pai estava no quarto… e nós, no outro lado do corredor. O pai estava em casa. Haveria lá coisa mais importante!
Acabou por tudo correr bem. E depois destas semanas, descobri que afinal sou uma mulher forte, que afinal não fico facilmente doente, que quando é preciso vamos buscar forças que achávamos impossíveis, que apesar de não ter família perto, tenho amigas incríveis, que ter fé ajuda, que é importante aceitar, confiar e acreditar.
Um ano depois da Covid ter chegado cá a casa
Sou uma pessoa mais forte, mais corajosa, com menos medos, descobri um novo hobby (a corrida que me ajuda a libertar energia e a organizar ideias), superei o medo de fazer ski (há um ano era impensável, o medo de cair ou de me magoar paralisava-me) e concretizei um projeto que tinha em mente já há bastante tempo, mas faltava-me coragem e confiança para avançar.
Agora sou Coach e ajudo pessoas a superar medos, recuperar auto-confiança e auto-estima, melhorar o seu desenvolvimento pessoal ou que estejam a passar por processos de transição (país, vida, carreira).
Visite o meu site e para mais informações entre em contato comigo.
https://flavianevescoaching.com/
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