O impacto da colonização
Para quem não sabe o Quénia é uma ex-colónia britânica. Esta influência é visível até aos dias de hoje no Sistema Educativo Queniano. No entanto, o Quénia continua à procura do melhor método de aprendizagem.
Até agora já foram implementados 3 diferentes sistemas de ensino no Quénia:
- O Primeiro Sistema = 7-4-2-3
Este sistema foi implementado em 1963, após a sua independência. Seguiam o sistema educativo britânico, 7 anos de escola primária, 4 de ensino secundário inicial, 2 de ensino secundário superior e 3 de universidade. Como o país precisava urgentemente de trabalhadores locais para ocupar o lugar dos britânicos este método foi o que melhor funcionou.
- O Segundo Sistema = 8-4-4
Passados 22 anos, o Sistema educativo foi reformulado e passou a ser similar ao plano educativo dos USA.
Sendo, 8 anos de escola primária, 4 anos de secundário e 4 de universidade. Para além da mudança nos anos escolares, também passou a dar-se mais importância às matérias vocacionais, ou seja, preparar os estudantes que não continuassem o ensino secundário para a vida real.
- O Terceiro Sistema = 2-6-3-3-3
Este sistema era para ser implementado em 2013, mas só se concretizou a mudança em 2017, sendo que agora as crianças estão 2 anos no infantário, 6 anos na primária, 3 no ensino secundário júnior, 3 no ensino secundário sénior e 3 na universidade.
O foco neste método de aprendizagem é o desenvolvimento prévio da criança e a sua aquisição de competências e habilidades que serão uma mais valia no ensino universitário e ao longo da sua vida como adulto.
Ensino público ou ensino privado?
Por aqui o ensino primário e secundário em escolas públicas é gratuito, no entanto são consideradas as piores em termos de notas a nível nacional. E vá lá saber-se o que é “gratuito” quando se tem que dar uma “pequena lembrança” para a criança poder fazer parte da escola, ou passar de ano, creio que me entendem.
Parte da má qualificação a nível nacional creio que seja devido à quantidade de alunos que existe por sala. O ratio aqui aluno – professor é de 50:1 quando está declarado pelo governo que o máximo deveria ser 40:1. Sem esquecer que o mais difícil neste momento é a má reputação que as escolas públicas sempre tiveram e estão a tentar combater.
Contudo, mesmo nas escolas privadas que são as escolas secundárias internas o ratio aluno – professor pouco varia, mas as qualificações finais são melhores.
O fator comum nestes dois tipos de ensino é o uso do uniforme, o cabelo sempre rapado ou entrançado, as matérias que se tem que estudar, as longas horas passadas na escola, a quantidade absurda de livros que se tem de carregar e de trabalhos de casa para fazer e exames que se tem de fazer num só dia.
Ensino alternativo
Se existe ensino alternativo? Claro que sim! Como as Escolas Internacionais e Montessori, mas infelizmente temos que vender os rins, os restantes órgãos, e tudo o que não precisamos para sobreviver para se pagar as mensalidades escolares. Mas a verdade é que o currículo e método escolar é diferente do queniano e mais parecido com o nosso europeu.
“O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar”
Na minha perspetiva, o Quénia ainda tem um longo caminho de mudança, a nível de ensino, para percorrer. Os miúdos passam dias e noites a estudar, diria mais decorar, e não sabem mais para além dos livros (então a religião é algo que não se questiona!). E se soubessem, meus caros leitores, a falta de raciocínio lógico que existe ficariam espantados. Mas, quem sabe se tudo isto também não terá um interesse político, como diz o ditado
“O essencial, com efeito, na Educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar”.
Por cá vou-me conformar que estamos uns bons 50 anos atrasados, ensinando-lhes o desconhecido e que é tão banal para nós, querendo acreditar que daqui a alguns anos o Sistema Educativo volte a mudar e com esperança que a evolução seja mais positiva.
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