Depois de dois anos sem as suas aclamadas Festas Pascais, os espanhóis estão eufóricos, com o regresso da “Semana Santa”.
Em geral, ao ser um país maioritariamente católico, assim como Portugal, esta comemoração é sem dúvida uma das mais conhecidas do país e de grande atrativo turístico.
Aqui na província de Murcia não é excepção à regra e este ano de 2022, a “Semana Santa”, volta com toda a força e é destaque nos municípios de Mula, Lorca, Cehegin e Jumilla.
MULA
Mula, localiza-se na zona e tem pouco mais de 16.000 habitantes. É um município que vive essencialmente da agricultura.
Recentemente a sua famosa “tamborada” de Semana Santa, foi eleita como “Património Cultural”, pela UNESCO.
A “tamborada” consiste numa concentração de vários populares que tocam ao mesmo tempo o tambor, sendo este conhecido pelo som único e especial. A festividade tem início na terça-feira santa perto das 00h00 de quarta e termina somente na tarde seguinte. É um acontecimento cada vez mais conhecido, o qual atrai milhares de turistas às terras de Mula.
LORCA
É umas das principais cidades da Região e ficou na “boca do mundo”, devido ao terremoto sofrido em 2011, o qual deixou uma boa parte do município devastado.
A “Semana Santa “ lorquiana, na minha opinião, é uma das festividades espanholas com maior atrativo, tendo também classificação de “Interesse turístico internacional”.
É conhecida pelos “desfiles biblícos pasionales”, com representações da vida e da Paixão de Cristo, onde atores dão vida aos personagens.
Além disto, são ainda destaque os cortejos de cavalos, vestidos com lindos mantos aveludados, bordados a fio de ouro, os quais são devidamente treinados, para proporcionar ao público um verdadeiro espectáculo.
CEHEGÍN
Cehegin é um pequeno vilarejo que faz parte do noroeste da província.
É uma das localizações murcianas, com forte tradição pascual,já que conta com confrarias com mais de 400 anos, as quais preservam estatuetas e imagens de santos, que são de grande valor patrimonial.
As suas procissões combinam a junção de tradições com centenas de anos, com o panorama actual. Vistosas e deslumbrantes, realizam toda a sua passagem pela zona velha do município, o qual em 1982, foi escolhido, como parte do “Conjunto Histórico-Artístico”, do Ministério da Cultura de Espanha.
JUMILLA
Terra de vinhos DOP, é uma das zonas mais frias da região, localizada na zona norte e abrangida por uma vasta colecção de conjuntos montanhosos.
Em 2020, as suas festas de “Semana Santa”, também foram categorizadas, como “Interesse Internacional”, atraindo cada vez mais curiosos.
Assim como Cehegín conta com tradições de centenas anos, as quais apontam para as suas origens, a princípios do século XVI.
São grandes devotos do dominicano, S.Vicente Ferrer, ao qual prestam homenagens nas suas procissões, tendo sido este o responsável pela introdução das festas pascais no município murciano.
A nível geral, podemos encontrar vários desfiles durante toda a semana, sendo os desfiles mais importantes, o da Quinta-Feira Santa (última ceia), Sexta-Feira Santa (crucificação de Jesus), Sábado-Santo (Solidão de Maria) e Domingo-Santo (Ressurreição).
Nos distintos desfiles, podemos ver as “Manolas”, viúvas que trajam vestes negras, que consistem em fato e saia, as quais também adornam a cabeça com um véu de renda “mantilla”, o qual cobre o cabelo e os ombros. As origens do seu papel nos vários desfiles é ajudar na preparação dos altares, sendo que antigamente era o único papel que podiam representar, pois não podiam misturar-se com outros papéis, representados exclusivamente pelos homens.
Vemos ainda homens que trajam túnicas de várias cores, conforme a confraria que representam, os quais cobrem a cabeça e rosto com capuzes em forma de cone, mais conhecidos como “nazarenos”. Estes representam a antiga “comitiva” que costumava acompanhar os condenados, aquando os tempos da Inquisição.
Ainda é possível ver alguns “penitentes”, os quais têm um papel semelhante ao dos nazarenos (e também fazem parte das confrarias), no entanto levam a cara descoberta e fazem-se acompanhar de cruzes e alguns elementos de auto-flagelo.
Não podemos terminar este artigo, sem falar das iguarias típicas da época que consistem basicamente na doçaria local. Aqui o mais típico são as “Monas” (folares), as “Tortas de Pascua” (bolinho de anis com recheio de chila) e as “Torijas” (rabanadas) que ao contrário de Portugal, são degustadas na Semana Santa.
Caso tenham curiosidade em conhecer as tradições de Páscoa espanholas, principalmente as murcianas, venham até ao Levante espanhol, disfrutar destas festividades centenárias, acompanhas de um bom clima e uma deliciosa gastronomia.
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