Ser jovem em Portugal não é fácil, mais difícil se torna quando se vive em locais mais pequenos, vilas, aldeias. Terá sido esta a razão que me fez olhar para além de Portugal? Ou terá sido a falta de mercado que me fez sair de Portugal
Viver numa pequena aldeia no meio do nada apenas dificultou a minha vida, aumentou a disparidade e a desigualdade entre jovens com as mesmas qualificações, onde estou incluido.
Senti que ir para fila do centro de Emprego seria uma perda de tempo e que não iria ajudar-me em nada, pois não estava motivado para fazer cursos em cima de outros cursos e receber um subsídio entre os 200 e os 500 euros. Muitos dos jovens que conheci que se inscreveram no centro de emprego apenas conseguem um lugar em supermercados ou operadoras de telefone e não conseguem sair desse loop.
Eu não queria ficar estagnado. Então a única solução era sair de Portugal! Mas isto foi já segunda vez que emigrei.
A Primeira emigração
A minha primeira emigração foi bem mais diferente! Aos 22 anos estava cansado da escola e de um curso que não me estava a motivar nem a inspirar para um futuro próximo.
Um dia numa visita de estudo ao Parlamento Europeu, em Lisboa, os palestrantes lá falaram daquilo que eu sempre quis fazer, Voluntariado! Contra a vontade de muita gente, fui para Romenia em Novembro de 2013 e fiquei até Julho de 2014. Lá realizei uma panóplia de actividades onde fiz novas amizades e aprendi muito. Esta experiência fabulosa foi a chave para voltar a emigrar.
O regresso a Portugal
Voltar a Portugal foi muito duro, de novo as dificuldades do passado. Viver com os pais numa aldeia onde me sentia claustrofóbico, a perder todas as oportunidades para uma de vida que eu idealizava.
Durante esses 3 anos de regresso na casa, volteia a sentir-me esgotado! Tudo na mesma, a mesma realidade, falta de vontade, de motivação, o cruzar de braços e lentidão em todos os processos. A pura frustração de ouvir conversas ridiculas a falar mal de pessoas que vem de um país de leste para procurar melhores condições de vida em Portugal. Durante esse tempo a minha única satisfação foi ter terminado o curso de Turismo.
Sair de Portugal definitivamente
Em Fevereiro de 2017, a um mês apenas para terminar o curso de Turismo, comecei à procura de alternativas fora do nosso país.
Tentei Reino Unido, visto que conhecia uma pessoa que me podia ajudar, mas depois decidi não ir.
Um dia, em conversa com uma amiga que estava de partida de Sofia para outro lugar, enviou o meu CV para uma empresa de recursos humanos em Sofia e assim consegui ser entrevistado por duas empresas.
No dia da minha graduação, no fim de Março, aceitei o contracto para o meu primeiro emprego no estrangeiro. No dia 2 de Abril parti para a Bulgária com o meu diploma de turismo, uma mala e uma mochila às costas.
Toda esta conjuntura fez-me optar por sair de Portugal e tomar a atitude de uma adaptação no local que me deu as oportunidades que espetava. Escolhi a palavra adaptação para caracterizar a minha experiência pessoal e profissional, sem a qual apenas teria vivências, mas não teria ficado para além dos seis meses. A escolha de fazer a minha adaptação a este país foi o que me levou a ficar, assentar e considerar casa.
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