Estar distante de Portugal, as minhas reflexões

Ana Carvalho

Aqui estou eu, a 7400 km da ilha e terra que me viu nasceu e “criou” até aos meus ternos 27 anos, distante de Portugal apenas fisicamente.  

Um dia  alguém me perguntou como é ficar tanto tempo sem ir a Portugal e sem a  família vir me visitar?! Como equilibrar essa distância?!

A Azafama dos dias

Ora bem, vão fazer 5 anos em Junho que não vamos  a Portugal, os dias, semanas vão se passando. São  sempre dias  muito ocupados, cansativos e numa correria dado estar a criar e educar 3 filhos sem nenhuma ajuda ou “alívio” familiar ou de babysitters (ainda não tive coragem para contratar estranhos).  No entanto não me sinto distante de Portugal e tenho a sorte de mesmo aqui encontrar muitas coisas que me preenchem.

A “terra” em si não me faz falta nem as paisagens e beleza da ilha de São Miguel, mas se vejo fotos ou vídeos da minha praia de infância (Areal de Santa Bárbara) até me vem o cheiro a maresia. Fora isso há comidas típicas que por aqui não encontro facilmente, como por exemplo: Bolos lêvedos das Furnas; queijadas de feijão  da Graciosa, entre outras iguarias. 

 Também é certo que não me importava agora de ir a banhos nas àguas quentes termais e terapêuticas da Poça da Dona Beja na freguesia das Furnas mas já se “matou” esse bichinho em águas termais por aqui também.  

Do que tenho mais saudade por estar distante de Portugal

A família, isso sim, deixa uma grande saudade, claro! É isso o que faz sentir-me mais distante de Portugal .

 A macaquinha da minha afilhada que vi nascer aqui no Canadá mas que já  está em Portugal há quase 2 anos.  A minha mãe, uma corajosa que já veio cá várias vezes sozinha sem saber falar inglês com um “papelinho” escrito com perguntas em português e inglês para o caso de precisar de ajudar e de não haver ninguém português por perto.  As minhas duas irmãs mais novas, as minhas primas mais chegadas com quem fui criada como irmãs e mais alguma família mais chegada

Porque não vou com mais frequência a Portugal

Acrescento também que uma das razões, embora que muito pessoal, para não irmos mais vezes a Portugal seja o facto de termos vindo “fazer uma vida”, assentar raízes por assim dizer. 

Compramos casa, vendemos a  que tínhamos em Portugal, compramos carros e visitamos muitos lugares por aqui que como já referi não ficam aquém da beleza das ilhas dos Açores!!

O custo absurdo das viagens também não ajuda a viajar mais visto que precisamos de um valor de cerca de 2 a 3 meses de trabalho do marido para que a viagem seja possível e só compensa se formos por bastante tempo, o que também não é possível pois o  marido não pode ausentar-se do trabalho por muito tempo. 

Dicas para encurtar a distância da família

Vamos gerindo as saudades com vídeo chamadas e muita troca de vídeos e fotos, tantas que eu acho que às vezes sou uma grande chata.

Em conversa com uma amiga também emigrante, aprendi que há diversas maneiras, até criativas para que  as relações continuem próximas, apesar da distância. Na minha família não achamos que seja essencial. No entanto deixo-vos aqui o que essa amiga estabeleceu como rotina com a família em Portugal 

  • Nos aniversários de avós e tios, há de ambos os lados do ecrã um bolo para cantar os parabéns e saborear uma fatia de bolo simultaneamente 
  • Uma vez por semana (geralmente ao fim de semana) fazem uma hora zoom com a família
  • Uma ou duas vezes por semana a avó do outro lado do ecrã lê uma história e ficam a conversar sobre o livro.  

E vocês que mais dicas tem para amenizar a saudade e manter as relações familiares vivas e rotineiras?

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