Este verão não será nada como planeado devido à pandemia. Aproveito esta contrariedade para reflectir, quem somos fora e dentro do nosso país.
Esta situação, pandémica, vai inevitavelmente afetar o inicio de um ano de trabalho em Agosto pois não houve a tradicional visita a Portugal e aos nossos. Mas, tem que ser assim…por um bem comum.
O momento de planear férias é sempre um pouco stressante pois para além de Portugal planeamos sempre um outro destino para aí sim termos a nossas merecidas férias.
Nós, dentro do nosso para País
Ir a Portugal é voltar às raízes e abraçar os nossos, é comer aqueles petiscos que não mais experienciamos por aqui, é visitar estes e aqueles e mais outros como se tivéssemos que compensar alguém pelo tempo que passamos fora de Portugal. É um rodopio de horários, visitas, mais visitas e mais compensações. Nem sempre se apercebem ou compreendem que estamos de férias e que passamos um ano a trabalhar.
O primeiro ano de férias em Portugal depois de termos emigrado foi o mais difícil.
Queremos partilhar tudo o que vivemos, aprendemos, vemos e experieciamos mas, para meu espanto e muitas vezes desilusão, a percepção dos outros em relação à nossa vida aqui é muito diferente da realidade.
O interesse no nosso dia a dia, à nossa adaptação a uma língua que não é a nossa (línguas aliás, porque maioritariamente comunicamos em Inglês), às nossas vivência interpessoais com mais que uma cultura, não é, de todo, o expectável.
Senti-me uma emigrante no meu próprio país!
Nós, fora do nosso país
Estar na Noruega, ao contrário do que muitos julgam, não é significado de ganhar muito dinheiro e fazer pouco! É trabalhar ainda mais, para provar que merecemos estar aqui, gastar muito mais pois o nível de vida é exorbitantemente alto e começar do zero – fazer novos amigos, arranjar uma rede de confiança para os momentos bons e piores.
Poucos são os que perguntaram ou perguntam, em Portugal, como é ir ao médico, como fazíamos as compras no inicio sem que conseguíssemos perceber uma palavra nos rótulos, como nos orientávamos na cidade ou cidades sem entendermos uma única placa (valeu-nos uma multa de estacionamento na primeira semana)… enfim, como é estarmos os dois completamente sozinhos e recomeçarmos a nossa vida a partir daí… isso poucos quiseram sequer perguntar ou saber, e nós tanto tínhamos e temos para contar!
Só quem emigra sabe o que muda e o que tem que se (re)construir e nem todos os que deixámos querem saber ou se mostram interessados. Mas, cá estamos, quase 8 anos depois, num país que ainda hoje nos faz suspirar de tanta beleza com novos amigos que se tornaram família e com muitas histórias para contar, a quem as quiser ouvir.
Somos desafiados, dentro e fora do nosso país.
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Tão verdade…😉
As pessoas vivem com os preconceitos que têm sobre o país onde estamos e nem sempre têm (ou querem ter) a capacidade de escutar o que nós temos para contar! Obrigada pelo testemunho, é muito isto, sim!
Exatamente Salomé! O problema reside mesmo no quando nem querem saber! Deixa-me desapontada e mexe-me com os nervos. 🙁