Tinha 22 anos quando cheguei à Cidade do México para fazer apenas um estágio pela AIESEC, numa consultora mas acabei por ficar cinco anos.
Não ia à procura de nada em específico, contudo ia com o espírito aberto, alma de aventureira e acabando por conhecer o meu futuro marido.
A adaptação ao país e à cultura tinha sido fácil. Penso que é uma vantagem de ser portuguesa. Seis meses após ter chegado, já me sentia mexicana e sei que isso ajudou à minha amizade com o Bernardo. Conheci-o numa festa de aniversário de uma amiga em comum. Comecei a convidar o Bernardo para as festas que frequentava e assim fomos construindo a nossa amizade. Começámos a namorar passado meio ano, um pouco sem eu saber se queria ficar no México, mas ao mesmo tempo sentia algo por ele que ia além de uma amizade. O Bernardo era um bom rapaz, tratava-me bem, fazia-me rir muito, mesmo sem ele querer.
Ele ainda estava a estudar, mas tinha a “sorte” de eu não ser mexicana. As mexicanas exigem que o namorado, ou a pessoa com quem vão ter um encontro, vá buscá-las a casa de carro, abra a porta do carro, ofereça flores, pague a conta no restaurante e ainda as leve a casa. Exigem um cavalheirismo exagerado que, para nós só fazia sentido de vez em quando. Eu era mais relaxada: combinávamos um lugar para o encontro, íamos lá ter, cada um pagava o seu, normalmente ele levava-me a casa por uma questão de segurança e as flores existiam em ocasiões especiais.
Namorar com alguém de outro país faz com que sempre haja tema de conversa. Começamos a comparar os dois países, há tanto para falar sobre como um e o outro crescemos, como são as coisas em cada país, as tradições, as famílias, os passatempos, as diferenças. E com essas conversas apercebemo-nos que não somos assim tão diferentes. Apesar de termos nascido e vivido em contextos tão distintos, temos tanta coisa em comum. Mas o mais importante: tínhamos os mesmos valores, a mesma religião, os mesmos sonhos, e isso fez com que a nossa relação resultasse.
Outra ajuda ao nosso namoro foi o facto de termos os mesmos interesses e darmo-nos bem com os amigos um do outro. Adorávamos frequentar festas e estávamos sempre com os amigos dele ou com os meus. Cada um tinha o seu espaço, não estávamos todos os dias juntos, e cada um tinha tempo para fazer o que queria. Eu dava aulas de português e ia ao ginásio, ele estudava e trabalhava para alguns clientes. De repente, estava na Cidade do México a ter a minha própria rotina e a viver como uma local. Eu já conhecia bem a família dele, passava os domingos com eles onde era bem-vinda a todas as festas familiares. Ele foi comigo duas vezes a Portugal.
História bonita que mostra a capacidade de os portugueses se adaptarem a situações diversas.
Felicidades!