Pandemia na Noruega
Começou o novo ano letivo há já 3 semanas e, cá estamos novamente a tentar escapar ao inimigo invisível!
Na escola onde trabalho, o contexto mudou devido às restrições sanitárias causadas pela maldita pandemia. Tudo tem sido encarado com bastante naturalidade, pois o novo ‘normal’ é saber viver nestes tempos incertos e perigosos. Apesar da situação estar bastante controlada na Noruega, todos estamos empenhados em mantê-la assim e fazer os possíveis por viver e trabalhar sem muitas limitações.
Felizmente, ainda não fomos aconselhados, porque a Noruega não obriga, aconselha, a escondermo-nos atrás de uma máscara e isso ajuda a manter uma certa normalidade diária.
Aqui, o conceito de responsabilidade, independência e autonomia são (e)levados a um outro nível. Na escola não existem auxiliares de educação, cantina, reprografia ou bar/ cafetaria como em Portugal estamos habituados.
Se precisamos de fotocopiar, digitalizar, encadernar ou plastificar somos nós que o fazemos, bem como os alunos. Recreios e intervalos para almoço, são supervisionados por professores e almoços ou merendas, são trazidos de casa.
Todas as nossas turmas (desde o 1º – 10º ano) têm 20 alunos, mas sempre foi assim e, neste novo contexto social/escolar, cada turma está alocada a uma sala de aula, e só. Somos nós, os professores que nos deslocamos para assim a mobilidade e movimentação pela escola ser mais controlada.
É recomendável manter 1 metro de distância entre todos, sempre que possível. Cada aluno tem a sua mesa e cadeira e é responsável pelo seu espaço durante o dia.
Os almoços ocorrem na sua sala de aula, na sua mesa e cadeira e, é o professor que leciona na aula imediatamente anterior à pausa de almoço, que permanece na sala de aula (onde também pode almoçar se assim o entender).
Existe um jarro eléctrico em cada sala de aula para que possa ser fervida água para os almoços (maioritariamente para fazer noodles) e só o professor está autorizado a tocar neste indispensável e extraordinário eletrodoméstico!
No final do almoço ou, de cada aula, o professor que abandona a sala de aula, tem que lavar a mesa e cadeira para assegurar que está preparada para o professor que vem a seguir. Para isto existe, em cada sala de aula, um recipiente com água e desinfetante e panos.
No final da última aula do dia, cada aluno coloca a sua cadeira em cima da sua mesa para o pessoal da limpeza proceder à respetiva higienização da escola.
É importante salientar que, ao longo do dia, um funcionário de limpeza, vai limpando maçanetas de portas, corrimãos e assegurando-se que há sabão e papel em todas as casas de banho e nas salas de aula onde existem lavatórios.
Imagino que todas estas “mordomias”, em Portugal seriam motivo de riso ou até mesmo indignação por parte da classe docente, pais e alunos, mas aqui faz parte de um dia como outro qualquer numa escola Norueguesa.
O que é importante é que os alunos têm encarado toda esta situação com a maior normalidade, pois não é assim tão diferente de um qualquer outro ano letivo.
Como última nota, asseguro-vos que já tudo isto faz parte do meu dia a dia. Nada mudou drasticamente mas, custa-me quando os alunos me querem dar um abraço e eu tenho que os relembrar que não podem avançar mais, custa não poder partilhar momentos de animada cavaqueira com os meus colegas sem ter o cuidado de não tocar ou estar muito próxima e, acima de tudo custa-me ter que ter mais cuidado com a minha expansividade, à vontade e descontração entre alunos e colegas pois quem me conhece sabe que sou uma pessoa de afetos e de toque.
Dá-me alento saber que, se todos cooperarmos e fizermos a nossa parte, em breve podemos respirar de alívio e encarar tudo isto como uma aprendizagem.
A todos os professores, desejo a mesma alegria no trabalho que esta profissão me proporciona todos os dias. Sejam os melhores modelos para os vossos alunos!
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