O tão esperado dia 11 de Maio chegou. O dia de regresso as aulas, após 2 meses de confinamento. Sempre ansiei por este dia! Finalmente, os meus filhos iriam poder brincar com os seus amigos (foram tantas as vezes que a minha filha mais velha suplicou para ir brincar para a casa das amigas ou simplesmente saltar no trampolim da vizinha de baixo como sempre fez até o Coronavírus chegar às nossas vidas) e eu, finalmente, ia deixar de ter o papel de professora, um papel que me incomodava e não me deixava confortável, especialmente quando estamos a ensinar numa língua que não é a nossa língua materna.
Nunca senti medo, confio na escola dos meus filhos e nas inúmeras regras que implementaram e no governo, claro. O governo e a comunicação social sempre transmitiram muita segurança e confiança à população e especialmente aos pais. Sempre evitaram dramas e alarmismos. Incutiram, como todos os países fizeram, uma cultura de consciencialização e de respeito por todas as regras higiénicas, sanitárias e socias, mas sem provocar pânico. Na minha opinião, penso que é muito importante para o sucesso do desconfinamento de um país, segurança, respeito, consciencialização e confiança, sem pânico claro.
Com o aproximar da data, comecei a ter outro tipo de medos: Como será que os meus filhos vão reagir/adaptar a tantas mudanças e novas regras? Será que vão ficar assustados? Será que o meu filho de 4 anos vai assustar-se com as máscaras dos professores? Será que ele habituado a que a mãe entre na escola e lhe tire o casaco, mude os seus sapatos etc., vai ser capaz de agora entrar sozinho? E se ele não quiser e se chorar que quer a mãe apos tanto tempo em casa? Mas eu agora já não vou poder ampará-lo, nem entrar na sala com ele, como tantas vezes fiz? E será que a minha filha de quase 7 anos vai conseguir brincar com as amigas sem contato?
Dia 11 as 8h estávamos os 4 na escola. Os meus filhos estavam felizes e superexcitados por irem de novo para escola, mas calmos e conscientes das regras e mudanças.
O meu filho mais novo entrou pela primeira vez sozinho na escola, sem sequer olhar para trás e dizer adeus a mãe. A mãe, orgulhosa, mas com o coração apertado e já com uma lagrima de saudades ansiosa pela hora de saída. http://www.haut-lac.ch
Saíram da escola super felizes e a contar com muita naturalidade quem estava de mascara, que tinham secretarias viradas para o professor, que jogavam a apanhada sem tocar (bastava dizer apanhei e já valia), que na aula de ginástica fizeram corridas, que nas filas do almoço tinham que manter uma distancia entre eles de mais de 1 braço e que só brincavam só com os meninos da sala deles. Felizes e com muita vontade de ir no dia seguinte. Realmente as crianças surpreendem-nos sempre! Tem uma enorme capacidade de adaptação e de encaixe. Esta geração de crianças e adolescentes é fantástica. São os verdadeiros heróis desta pandemia da Covid-19.
https://www.youtube.com/watch?v=0iu5HamseAE&feature=youtu.be
Algumas medidas implementadas pelas escolas na Suíça:
– Cada ano tem uma porta de entrada/saída. Não há cruzamento entre diferentes anos;
– O recreio e almoço é organizado em horários diferentes para cada turma;
– Lavagem das mãos várias vezes ao dia;
– As mesas viradas para a frente com distancia de 2 metros entre elas;
– Sempre que possível manter a distância de 2 metros entre professor/aluno;
– Proibido os pais entrarem na escola;
– Proibido trazer livros, fichas de exercício, brinquedos de casa, bem como bolos de aniversario;
– Trocar de sapatos na entrada da sala (isto e uma regra que sempre existiu nas escolas Suíças);
– Cada criança tem o seu próprio material, bem como o seu copo de água e não podem partilhar;
– Proibido partilhar comida;
– Não há atividades extracurriculares após a escola;
– Suspensas todas visitas de estudo e todos os eventos da escola;
– Nas aulas de ginástica não é permitido jogos ou exercícios de contato;
– Na infantil, retiraram plasticina bem como os brinquedos que estavam no recreio. Os brinquedos são agora desinfetados sempre que os alunos estiverem no recreio.
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