O que a COViD 19 mudou no ensino em todo o mundo (2)

Tânia Valente

A partir de dia 16 de Março, estávamos a operar a 100%. O diretor de turma, entre as 8:45 – 9:00 assegura-se que os alunos estão “presentes” e envia um e-mail com a informação para o staff (como sempre acontece na escola).Cada professor segue o seu horário de trabalho normal. As duas primeiras semanas foram uma adaptação a um novo modo de estar e ensinar. Cada turma tinha uma task por semana (avaliação sumativa) pois a unidade estava no final. Eu acabo por estar constantemente em contacto e disponível para todos os alunos e a qualquer hora. Uma vez que também tenho a aplicação no meu telemóvel, estou sempre disponível, o que tem prós e contras, obviamente. Não somos obrigados a estar online para além do nosso horário e aulas, mas quando os alunos estão empenhados a trabalhar, não há como desconectar ou ignorar, não é? A turma toda e eu, comunicamos por escrito no chat da turma e regularmente fazemos vídeo chamadas para nos vermos e ouvirmos e, tornarmos assim as coisas mais reais. Eles precisam disso e eu também. Se por um lado tudo tem corrido relativamente bem, com feedback muito positivo por parte dos pais constantemente, por outro, tudo leva o dobro ou o triplo do tempo, pois respondo individualmente aos alunos que contactam pelo chat privado. Mas, é o preço a pagar e, até agora, tudo tem corrido de acordo com o espectável e até melhor. Os alunos são incentivados a fazer pausas e dar um passeio, comer um gelado ou fazer exercício. Tenho vídeo chamadas e vídeos de alunos a saltar nos trampolins (muito típico por aqui), a mostrar os animais de estimação, os familiares, a casa, etc. Eles levam-nos para dentro das suas vidas e tem curiosidade em saber da nossa!

Mantenho as duas reuniões semanais com a equipa de professores e coordenadora (às vezes a diretora participa também) e a minha reunião semanal individual com a minha coordenadora. Sempre em vídeo chamada, muitas vezes do terraço, pois as últimas semanas têm sido de verão, com temperaturas acima dos 20º.

Em suma, a experiência tem sido muito positiva, muito trabalhosa mas muito gratificante pois os meus alunos têm superado todas as expectativas. Hoje, a nossa escola abriu portas às turmas do 1º ao 4º ano (não mais de 15 alunos por grupo). É necessário recorrer a professores extra (externos) pois as turmas estão praticamente divididas em dois grupos. Vamos ver como corre. Em princípio as restantes turmas começam a 11 de Maio, se esta primeira experiência correr de acordo com o espectável. O governo precisa de dados concretos para assegurar a segurança de abertura dos restantes anos, seguindo um protocolo nacional de segurança e higienização muito estrito e detalhado. Não me sinto particularmente confortável em regressar, mas a partir do momento em que a gestão da escola coloca a segurança de todos em primeiro lugar, o sentimento de insegurança também decresce ligeiramente.

A todos os professores espalhados pelo mundo, só digo que temos sido também nós uns heróis, operando no desconhecido com tudo o que sabemos, aprendemos e ainda estamos a descobrir. Um aplauso a todos vós!

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