O nome na Grécia

Cláudia de Vasconcelos

O Nome é das coisas mais importantes para um Ortodoxo. Neste texto pretendo que entenda a importância do nome na Grécia.

A importância do nome da Grécia

Há toda uma simbologia e festejo que outrora se encontraria também nas sociedades católicas.

Na Grécia é celebrado o Ονομαστικη Εορτη, o dia do nome, que corresponde ao dia do santo ou mártir, com o mesmo nome. Este dia é mais importante que o próprio aniversário.

O festejo é semelhante a um aniversário, festa em casa com família ou jantar com amigos e deseja-se “Χρόνια πολλά”, que na tradução livre significa “muitos anos”. Esta expressão, na verdade, é usada por eles em todas as celebrações.

Quando a pessoa tem um nome que não corresponde a um santo ou mártir, a pessoa é chamada “ a que não tem dia do nome” ou opta por celebrar o dia do nome, no dia de todos os Santos.

Porque os nomes se repetem tanto?

Por esta razão os nomes repetem-se muito. Cheguei a questionar se tinham apenas 366 nomes, um para cada dia do ano, mas ainda ninguém me conseguiu clarificar, mas a verdade é que acabam por haver 5 Dimitris, 2 Dimitras e 3 Nicks num grupo de 10 pessoas.

Os Gregos, normalmente, apenas têm dois nomes, o nome próprio, de um dos avós, e o sobrenome do pai, acto que faz suar qualquer feminista. 

O nome do pai é tão importante que é solicitado em qualquer tipo de serviço público, e adicionado à frente do nosso nome em serviços como conta bancária, contrato de eletricidade, telemóvel… (Independência, o que é isso?)

Alguns histórias em torno do nome

 Desde 2017 que visito a Grécia regularmente, antes de me ter mudado definitivamente em 2019, e esta é a lista de algumas histórias em torno do nome que fui encontrando.

  • Um casal viu o Padre recusar baptizar a filha porque o nome escolhido não era bíblico.
  • Um amigo, nasceu em França e foi registado no civil, com o nome X. Como os pais eram gregos, foi baptizado na Grécia, com o nome Y decidido pelo avô no momento do baptismo, pelo que os documentos de cada país têm um nome diferente.
  • O episódio mais “nonsense” que conheci foi de uma mulher que casou com um grego e teve um filho. Mais tarde separaram-se, mas o divórcio não está oficializado, porque ele não quer. Anos se passaram, ela refez a sua vida na Grécia, com outro homem, do qual irá ter um filho. Este segundo filho, terá o sobrenome do primeiro homem uma vez que o divórcio não está concluído. 

Algumas destas questões podem ser revertidas aquando da maioridade, mas só de pensar na burocracia que iria ser sujeita, eu, desistiria.

Como sou Portuguesa, os meus pais não pouparam a nomes. Tenho quatro. Para piorar, o meu pai tem três sobrenomes, e eu fiquei com o do meio e não o último.

Quando tenho de apresentar o meu documento de identificação, tenho sempre de prever dez minutos de análise aprofundada e explicativa. Eles fazem cara de Nazaré confusa, porque não faz sentido para eles eu não ter exactamente o último nome do meu pai. 

A cereja no topo do bolo acontece no meu mais recente emprego, num país cujo nome é super hiper mega giga importante, eu estar registada como Cláudia VascoNelos.

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