O Luxemburgo não foi sempre um país rico

Catarina Andrade

Nada é eterno, tudo é cíclico. O Luxemburgo não foi sempre um país rico.

Portugal já teve um papel mais preponderante no mapa mundo. Tudo é cíclico e más gestões e lideranças fazem com que percamos muito.

Não venho avaliar políticas, além de não ter muitos argumentos a discutir, a política é uma temática que não consigo discutir.

Opino, no entanto, sobre algumas situações a que tenho assistido que me parecem ajudar à identificação do problema.

Temos algumas características que nos caracterizam enquanto povo e o chegar atrasado é, na minha opinião, um dos fatores que nos faz perder muitos créditos. Que direito têm as pessoas na utilização abusiva do meu tempo? Se tenho uma consulta, porque serei atendida 3 horas depois? Porque os 20 minutos de tolerância são dados a toda a gente e no final do dia já se contabilizam 3 horas? No Luxemburgo tenho secretários de médicos que me ligam a dizer que o Dr. está 10 minutos atrasado.. é outra realidade mas a pontualidade talvez ajudasse.

Porque tenho de andar a furar filas por estar atrasada se fui eu que me atrasei?

Os professores são no Luxemburgo a classe mais bem paga, o que só por si contribui para que haja respeito pela classe e… quem por aí que tenha sido bem sucedido na vida que não tenha tido bons professores?!

Existe além de um salário mínimo de não qualificados, um salário mínimo de qualificados e outros mais que embora não sejam diferentes por aí além permitem mensalmente recompensar quem despendeu mais tempo em estudos. A diferença abismal de salários que se vê em Portugal não existe… a dita classe média ainda existe.

Há uma enorme proteção dos luxemburgueses face às outras nacionalidades nos trabalhos estatais. Sim, no Luxemburgo pouco mais da metade das pessoas tem nacionalidade luxemburguesa e é um país trilíngue, mas no setor público estão praticamente empregues todos os luxemburgueses. Não tenho dados oficiais desta constatação, mas até para se candidatar a varredor de rua a língua luxemburguesa é obrigatória.

O povo luxemburguês, como tantos outros, é mais unido que o português.

Temos “coisas” tão boas mas passamos o tempo a criticar-nos e a mandarmo-nos a baixo. Podíamos ser tão bons e não conseguimos usar as nossas forças porque simplesmente não criamos tantas sinergias como poderíamos. Achamos sempre que conseguimos sozinhos muito mais que os outros.

Estamos em todo o lado, em todo o sítio há portugueses, somos muito competentes mas, salvo pessoas individualmente não nos conseguimos mostrar enquanto uma comunidade forte e unida.

No Luxemburgo há portugueses bem posicionados mas tem de fazer o triplo ou o quádruplo de outras nacionalidades para atingir o mesmo.

Que bom seria se o que temos de simpatia e proatividade, de capacidade de trabalho, de convívio e até respeito pelo próximo se convertesse em união do povo.

Não tenho dúvidas que voltaríamos a ter um papel preponderante no mundo.

Voltamos à política sem falar da mesma, mas estou a ler um livro sobre educação que espelha exatamente o que eu defendo. Educar exige muito respeito e responsabilização e não falo só das crianças pequenas mas de toda a gente. São necessários limites para avançarmos como sociedade. E não é na escola que falta mas em todo o lado. As pessoas sentem-se no direito de fazerem tudo o que querem quando querem, às vezes sem razões que o justifiquem mas apenas por capricho pessoal e uma sociedade não se constrói assim. Não estou a dizer que somos os únicos mas se nos queremos evidenciar temos de começar por aí.

E volto à escola que é onde realmente consigo ser influente e apelo também aos pais e avós porque a educação começa nas crianças pequenas e é aí que temos de despender o nosso esforço e energia. Tenho muito mais a dizer do que uma frase só, podem acompanhar o meu blog: https://educa21ca.blogspot.com/search?updated-max=2021-12-25T14:49:00-08:00&max-results=7&m=1 )

mas é fundamental que as crianças sejam respeitadas e amadas mas que percebam que são especiais em casa e que fora da mesma são crianças como todas as outras. Que tem de ser educadas como todas as outras e que não são nem mais nem menos do que ninguém.

Fica o desafio!

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