Noruega – país de luz ou de escuridão?

Tânia Valente

A grande maioria das pessoas com quem falo pergunta imediatamente “- Na Noruega no inverno é sempre de noite, não é?”, mas nunca perguntam como é no verão, nomeadamente de maio a julho. 

A Noruega é conhecida como o país do sol da meia-noite. Devido à alta altitude do país, há mudanças sazonais na luz do dia graças ao longo período de luz solar refratada. Aqui, num período de cerca de 76 dias, do final de maio ao final de julho, o sol nunca se põe durante 20 horas consecutivas e é por isso que muitas vezes o sol nunca se põe na Noruega. Existe sempre luz, ou seja, nunca é efetivamente de noite. 

(FOTO 1 – 2021 vista do meu terraço às 23:00 em maio)

Noruega – país de luz ou de escuridão?

No entanto, é importante referir que as zonas da Noruega situadas ao norte do Círculo Ártico disfrutam de umas maravilhosas 24 horas de sol em aturas do verão. Quanto mais ao norte, mais dias de sol há. Da mesma forma, essas zonas disfrutam de uma imensa escuridão durante o inverno.

Quanto mais a norte, mais dias há sem sol. No Cabo Norte não há sequer sol, ou seja, não existe luz solar entre 20 de novembro e 22 de janeiro, mas, em contrapartida, haverá sol 24h entre 13 de maio e 31 de julho.

O Círculo Polar Ártico é a latitude mais ao sul do Hemisfério Norte em que o sol pode permanecer continuamente acima ou abaixo do horizonte por 24 horas (no solstício de junho e no solstício de dezembro, respetivamente).

A maior parte do território norueguês tem 16 horas ou mais de escuridão por dia durante os meses de inverno.

O fenómeno do sol da meia-noite no norte da Noruega, dentro do círculo ártico: durante a estação do ‘sol da meia-noite’, o sol nunca se põe e apenas gira no céu numa elipse como se o dia estivesse a nascer ou o sol a pôr-se. À “noite”, o sol está muito baixo no horizonte, mas ainda extremamente visível. 

(FOTO 2 – Sol da meia-noite em Tromsø – norte)

Nos primeiros 2 anos terá sido quando senti mais o impacto da falta e do excesso de luz solar. Sim, tudo o que é em excesso às vezes é demais. 

Uma vez que chegámos à Noruega em janeiro, o impacto dos dias curtos foi imediato, apesar de já estarem a crescer. Entre novembro e janeiro vou trabalhar às 8:00 e é ainda totalmente de noite e só por volta das 9:30 o dia nasce. No seguimento de manhãs tão luminosas, às 15:00 é também já totalmente de noite.

Resumindo, são meses difíceis pois só quase nos fins de semana se usufrui do tão almejado dia! Em contrapartida, a partir de fevereiro já se nota um crescimento substancial cada dia, cerca de 5 minutos por dia, ou seja, às 17:00 ainda é de dia.

Em marco, com o equinócio da primavera e consequente mudança da hora, a diferença começa a ser extremamente notável. É exatamente esta a altura do ano atual! Às 20:30 horas agora (abril), ainda há sol. Mas, esperem até chegar maio… sol até às 22:00 e sempre luz, como se de um lusco-fusco se tratasse. 

O impacto de tantas horas de luz… ou da falta delas

Já não posso dizer que nos meses de inverno a falta de horas de luz me afeta, porque não me afeta absolutamente nada. No final de contas, quantas pessoas em Portugal também mal vêm a luz do dia nos meses de inverno? Não acho que a diferença seja abissal, sinceramente.

O impacto maior que tem em mim, ou tinha, era ao nível do cansaço. A partir de meados de outubro, sentia que acordava cansada e com falta de energia durante o dia. Na altura fui ao médico e a partir desse dia, tomo uma série de vitaminas que me mantêm acordada e cheia de energia. 

Em Portugal não temos noção do quanto a falta de vitamina D, por exemplo, nos afeta, mas aqui apercebi-me bem disso. Conclusão, há já uns 8 anos que tomo todas as manhãs vitamina D, B12, ferro e cálcio e faz toda a diferença. 

Já os meses de primavera/ verão produzem um efeito bem diferente. Os dias simplesmente não têm fim!!! No primeiro ano, chegado o mês de abril ou maio, já não me recordo qual deles, estávamos sentados no sofá e eis que sentimos um ratito no estômago. Qual não foi a nossa surpresa quando constatámos que afinal eram quase 23:00. Ou seja, estávamos à espera de que o sol se pusesse para preparar o jantar, mas realmente teríamos que esperar muito!

Outro fator é chegar a casa por volta da 17:00, nos dias mais longos de trabalho, e ainda ter quase outro dia pela frente; pode ser um pouco cansativo, mas longe de mim queixar-me de tal benesse. Estes dias intermináveis são ótimos para ir dar uma volta de bicicleta, para ir até ao lago dar um mergulho e fazer um piquenique, para apanhar sol no terraço, ou para fazer umas belas churrascadas e estar com amigos até tarde sem nos apercebermos. Já para não falar da poupança de eletricidade! Basicamente só se acendem as luzes das casas de banho. 

Confesso que me faz alguma confusão jantar com o sol ainda alto, até porque não são raras as vezes que cozinho de óculos de sol! Por exemplo, esta questão pode parecer ridícula, mas em Portugal poucas ou quase nenhumas são as casas sem estores, certo? Pois aqui, estores/ persianas como em Portugal é algo que nem sequer existe. Nós temos 4 janelas viradas a poente e são as únicas com estores no exterior.

Estores tipo brisa solar, ou seja, nunca fica escuro pois são oscilantes. Na nossa primeira casa nem isso tínhamos, assim que dormir com tudo aberto era um filme, considerando que o sol já vai alto e brilhante pelas 4:00.

Agora já está tudo bem, o corpo adapta-se, e a mente também! 

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