Natal em Portugal

Patrícia Pedro

Natal em Portugal que não acontecia há mais de 5 anos. Depois de um ano e meio sem ver a família, finalmente conseguimos ir em dezembro. Só tivemos a confirmação de voo uma semana antes, e ainda faltava a confirmação do teste que ia chegar um dia antes do voo. Felizmente : Yes tudo ok !

Apesar de alguns membros da família questionarem a nossa ida pela contingência que nos poderia afetar, nós nem pensamos duas vezes. Entre ficar em casa em Portugal ou na Colômbia, prefiro a minha terra natal…pelo menos lá tenho cheiro a mar, peixinho do Atlântico, maravilhoso céu azul (que só nós, que saímos temos essa noção), e mais importante a família, a uns metros de distância, enquanto podermos viajar entre concelhos.

Tudo correu bem e finalmente chegamos a Portugal depois de uma longa viagem de 14 horas com escala em Madrid (porque não existem voos diretos desde Bogotá). Tudo estava planeado. Os meus sogros estariam à espera no parque do aeroporto de Lisboa, para deixar as malas mais pesadas e nós seguiríamos com o carro de aluguer directos até Colares onde ficaríamos isolados alguns dias até confirmar que não seríamos surpreendidos por qualquer sintoma “Covideiro”.

Acontece que a situação do carro não foi para a frente por problema de “novatos” em alugar carro, o cartão de crédito era do meu marido que não estava, e quem iria levantar e conduzir o carro era eu. Depois de alguma conversa, com o aumento de seguro contra todos os riscos, já seria possível. Mas acabamos por não alugar o carro, foi mais uma aprendizagem.

Com alguma chuva, frio e fome (já lá ia o “pequeno” pequeno-almoço que nos deram) e já quase de noite, tivemos a sorte de encontrar um simpático taxista, que não se assustou com o número de clientes mais malas e mochilas. Dirigimo-nos até casa dos meus pais para ir buscar, provisoriamente, o carro (novo e muito estimado) da mãe para ir para o nosso “isolamento voluntário”.

O reencontro com a família

Quero referir antes que somos uma família de 7 filhos, 15 netos por parte dos meus pais mais cunhados e cunhadas, um batalhão, e que antes de sair de Bogotá em conversa com os 3 filhotes, pedi que todos tivéssemos muita atenção aos contactos, respeitar distâncias, nada de abraços, especialmente pelos avós paternos e maternos (em especial avó que está mais fragilizada, pelos muitos tratamentos feitos e que ainda segue para combater um cancro que, a fé diz já ser história!)
Chegando a casa dos meus pais, na varanda começamos a ver um a um “mascarados”, a chegar cheios de emoção…quando damos por isso começamos a estar rodeados de sobrinhos, sobrinhas, manas, bolos (sim, os queques da Parede que são deliciosos, bolo rainha da Garrett que tanto gosto, mas que ali não comi!). Os meus sogros que entretanto também chegam, meu PAI e a minha MÃE mais afastada e com algo na mão que o escuro não deixava ver. Mais tarde ainda chega outro irmão e sobrinhos.

Um misto de emoções brutal, entre o querer abraçar e manter distância, os risos, os nervos meus e dos meus filhos, porque sabem e têm presente a conversa da mãe, e mais, acabávamos de chegar de uma longa viagem (se bem que de avião e aeroportos quase desérticos) onde poderia ter havido contágios….realmente não consigo descrever, só posso dizer que houve abraços, houve choro, houve medo, houve muita alegria.

Natal em Portugal
A família reunida com distanciamento

Mas o episódio que me marcará para sempre e a todos ali presentes é quando a minha Mãe se cobre totalmente com o que trazia na mão …uma cortina de banho, para dar-me aquele tão desejado ABRAÇO! Ainda tentei sentir o seu cheiro mas só cheirava a plástico! Até tremo enquanto escrevo!…

Realmente que situação…Todos temos vivido algo assim nesta Pandemia. Nós, seres humanos somos feitos por contacto, seja corpo a corpo, célula a célula, como queiram pensar, vivemos e alimentamo-nos pelo contacto-afecto (amor), e sem dúvida mal sobrevivemos sem ele.

Aproveitar Portugal

O resto da estadia foi mais calma (emocionalmente), e graças a Deus estamos todos bem!
Apesar do confinamento, podemos passar o natal e o ano novo com os que podiam estar presentes. Bem divertido. Podemos desfrutar os sabores, cheiros, cores, ver aquele maravilhoso contraste do nosso céu azul com o verde escuro dos pinheiros, sentir aquela geada matinal na pele, ouvir as bravas ondas do mar durante a noite. Dar o 1º mergulho do ano na chuvosa praia! Comer um belo bacalhau, um delicioso robalo grelhado com grelos de nabo e azeite, mais peixe e peixe. Vinguei-me! Claro que os queijos, pão, azeitonas e vinhos
deliciosos também faziam parte do menu.

Férias gastronómicas sem dúvida, com a melhor das melhores sobremesas: a companhia da FAMÍLIA e de alguns amigos de longa data, não todos porque alguns cancelaram os convites à última hora porque tiveram filhos com casos de covid na escola.
Tudo com o seu devido distanciamento, respeitando as medidas implementadas em portugal.

Já de volta à Colômbia não podia deixar de escrever mais um episódio dos muitos vividos por tantos de nós que estamos nesta plataforma e que partilhamos tantas coisas em comum, em especial a distância do nosso país e tudo o que vem com ele e a sorte de apreciar o que também temos longe do nosso Portugal.

Aos que nos leem peço que nos partilhem e Um bem haja!

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