A emigração trás, inevitavelmente, uma mudança à qual os devemos adaptar. É normal sentirmo-nos diferentes e precisarmos de algum tempo para, realmente, nos sentirmos bem.
A mudança e o sentimento inevitável que acarreta
A mudança é uma parte inevitável da nossa vida e pode ser difícil de lidar, integrar e até apreciar no início. A Curva de Mudança de Elisabeth Kubler-Ross é um modelo que nos ajuda a compreender as implicações emocionais nas fases de transição. É uma das ferramentas mais fiáveis para entender os estágios emocionais pelos quais passamos quando iniciamos a jornada de viver no estrangeiro na fase da adaptação.
Os 5 estágios da mudança:
É importante referir que não nos movemos ao longo dos estágios linearmente ou passo a passo. As pessoas tendem a mover-se em estágios de forma aleatória e, às vezes, podem até retornar a um estágio anterior após um certo tempo. Cada estágio pode durar um período de tempo diferente e é possível que uma pessoa fique presa num determinado estágio.
- Negação: o estágio de choque ou negação é geralmente o primeiro estágio do modelo Kubler-Ross e demora normalmente pouco tempo. Nessa fase, usamos a negação como mecanismo de defesa para lidar com emoções difíceis. É o choque de nos apercebermos que a vida que tínhamos terminou e demoramos algum tempo para processar a nova realidade.
- Raiva e Culpa: quando a realidade nos atinge durante a mudança e entendemos a magnitude da situação, começamos a sentir raiva e podemos procurar alguém ou algo para culpar. Algumas pessoas podem ficar zangadas com a vida em geral, outras podem culpar o novo país ou outras culpam-se si próprias. Por exemplo, achar que somos vítimas de racismo ou culpar a cultura local, ou irritar-nos com a nossa decisão de viver fora, são demonstrações deste estágio. É bom admitir a raiva para que esta se dissipe.
- Negociação: quando o estágio de raiva termina, podemos começar a pensar em maneiras de adiar o inevitável e tentar descobrir o que resta de melhor na situação e tentar encontrar um meio-termo. É um estágio de falsa esperança como se ainda conseguíssemos contrariar a nossa situação (ex: “Ok, fico aqui mas será por uns meses”).
- Depressão: durante esta fase, tendemos a sentir tristeza, medo, arrependimento, culpa e outras emoções negativas. Desistimos de lutar, podemos ter tendência para nos isolar e a estrada à nossa frente parece apenas um caminho penoso. Podemos apresentar sintomas de tristeza, baixa energia, indiferença, reclusão, afastamento dos outros e nenhum entusiasmo pela vida.
- Aceitação: Quando percebemos que lutar contra a mudança não vai fazer a dor passar e nos conformamos com a situação e a aceitamos. A resignação pode não parecer ainda um momento de total felicidade, mas é momento em que a pessoa pára de resistir à mudança e segue em frente. Nesta fase, passamos a ser capazes de resolver os problemas, há aprendizagem e reajuste e começamos a olhar para a nova vida com mais entusiasmo e capacidade.
Aceitar a mudança como algo novo
O mais importante é entender que todas as emoções que sentimos quando nos estamos adaptar a um país diferente são válidas e normais. As dificuldades iniciais e emoções associadas, fazem parte do processo de adaptação e vão passar assim que estivermos prontos para abraçar a mudança e a querer tirar o máximo proveito da nossa nova vida.
Quem já sentiu estas emoções durante a fase de adaptação?
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