Morar fora de Portugal

Marina Pacheco

Já morei fora de Portugal por um ano (na Bélgica), na altura tinha eu 24 anos. Já lá vão mais de dez anos! Porém, desta vez, mudei-me sem data de regresso… a minha realidade é agora morar fora de Portugal.

A Alemanha acolheu-me e, sinceramente, não sei se Portugal voltará a ser país de residência. Mas CASA será sempre, este mar não encontro em mais lado nenhum.

Morar fora de Portugal

Nos últimos tempos apercebi-me que, cada vez mais, coloco tudo em perspectiva, que dou importância a outras coisas e que realmente o que os outros pensam não me importa assim tanto. Lentamente comecei este processo ainda a viver em Portugal, mas deixar o meu país reorganizou-me prioridades e mudou a minha forma de sentir a vida. Acho sinceramente que venho duma família “fora da caixa”, onde o conceito mais importante é literalmente fazer os outros felizes, num sentido de altruísmo que molda a forma como se lida com a vida. Talvez a minha carreira como Cantora de Ópera promova esta linha de pensamento e postura.

E no seguimento dessa forma de estar, conjugada com o muito que aprendi sozinha, estes são os princípios que pautam a minha vida, e que, acredito, serem parecidos com os de muitos emigrantes, como eu:

– Não há datas especiais; todos os dias o são; todos os dias podem ser Natal ou Aniversários, simplesmente o celebrar a vida nos seus mínimos detalhes;
– O tempo passa rápido e a vida é efémera. Tudo muda num curto espaço de tempo; não podemos realmente dar nada como garantido;
– Às vezes não se tem o abraço da família e dos amigos quando realmente se precisa; ah! mas quando ele acontece é só o melhor abraço do mundo;
– As despedidas são difíceis, muito difíceis mas a felicidade de voltar aos nossos depois de algum tempo é indescritível;
– Se não se tem o mar perto pode ser um desafio- pelo menos para mim é, uma vez que moro longe dele; mas descobrir beleza em todos os pequenos recantos inesperados é mágico. Quando voltamos, o “nosso” mar encarrega-se de nos presentear;
– Há muitas formas de mostrar que se ama e colmatar a distância física;
– SAUDADE torna-se o nosso nome do meio; mas que bom que hoje em dia o mundo está mais próximo, são as vantagens das redes sociais;
– É um privilégio poder conhecer mundo, estar em contacto com diversas culturas e perceber que tudo isto são hipóteses de evolução pessoal e, no meu caso, evolução artística também;
– É muito bom amar o nosso país, mas muito importante ter a coragem de perceber quando precisamos de mais e está na hora de partir!

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