Foi numa conversa com a Joana Barbosa sobre o Dia de Portugal que surgiu a ideia de escrever sobre o Jorge Palma. Estávamos a falar de temas possíveis para abordar no “Vidas sem Fronteiras” https://www.vidassemfronteiras.com/ e a questionar-nos sobre a forma como os nativos dos nossos países de acolhimento encaram a nossa cultura, em particular a música, por ser um veículo internacional que transcende a barreira da língua.
Temos uma imensidão de talento em Portugal no que à música respeita, aliás julgo que em todos os domínios da arte. Sempre o tivemos e suspeito que no futuro não será diferente. Para mim o Jorge Palma é uma das gigantescas provas desse vastíssimo talento, de que tanto nos podemos orgulhar. Afinal o Palma encerra em si uma série de talentos que em muito extravasam aquilo que normalmente designamos por músico. Cantor, compositor, letrista. Mas é mais do que isso, é um todo que é muito, mas muito mais do que a soma das partes. Há uma profundidade incomensurável na simplicidade com que o Palma mistura o prosaico e o filosófico, como quando vemos sempre a preto e branco o programa que afinal é a cores ou insistimos em trincar o caroço sem nunca saborear a cereja…
Fiz o teste e pus amigos alemães a ouvir o Palma. Foi uma experiência gira porque uns já conheciam, por já terem ligações a Portugal, mas a maior parte não fazia a mínima ideia de quem era. Todos apreciaram a voz, as diferentes melodias, sentiram-lhe a poesia, uns mais que outros. Mas todos ficaram aquém daquilo que eu e, suspeito, a grande maioria dos admiradores do Palma, sentimos sobre ele.
Quando o Jorge Palma completou 70 anos muitos músicos e outras figuras do mundo do espetáculo fizeram pequenos vídeos a celebrar esse acontecimento. Contaram histórias, cantaram excertos das músicas que nós tão bem conhecemos, adaptaram as letras do Palma a sentidas homenagens. Apelaram à estrada onde, a bem da nossa cultura, ainda haverá muito para o Palma andar. Chamaram-no, com merecido reconhecimento, de poeta. O Sérgio Godinho recordou uma história de solidão acompanhada quando um dia encontrou o Palma, saltimbanco por Paris, numa carruagem de um metro a tocar um folk. Quando o viu, o Palma ter-lhe-á aberto aquele sorriso genuíno e mudou o tom para a “A Noite Passada”. E ali se fez um momento único, um momento só dos dois, que só os dois puderam perceber, cuja beleza era imperceptível aos ouvidos e aos sentidos dos demais.
E é exatamente isso que eu acho do Palma, que é um dos nossos segredos mais bem guardados! Um sol que é um presente que a aurora traz, especialmente para nós, portugueses!
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Parabéns! Texto que na minha modesta opinião transcreve com fidelidade aquilo que o Jorge Palma , e outros tantos , representam para a música e a cultura portuguesa.