Chegamos a Istambul no dia 1 de janeiro de 2021. Não foi a nossa primeira mudança internacional, longe disso, mas definitivamente a primeira no meio de uma pandemia global.
Quando chegámos, Istambul estava em confinamento. Podemos aproveitar o facto de sermos turistas durante os primeiros 2 meses, enquanto esperávamos os nossos cartões de residência, e então visitámos todas as atrações turísticas abertas, foi um espetáculo! A primeira vez que tinha vindo a Istambul foi há 22 anos com a minha mãe para um casamento, lembro-me bem de Istambul, mas também das mesquitas cheias de gente, o bazar e os palácios à pinha em que se tinha de esperar horas para entrar em certas zonas. Para isso não há nada como uma pandemia para acalmar a coisa. Visitamos o Palácio de Topkapi às moscas com tempo de sobra para correr e percorrer todos os cantos, o Palácio de Dolmabahçe foi o mesmo, magnífico. Após esses dois meses voltamos ao confinamento, visto agora sermos residentes, e lá se foi a liberdade por uns tempos há espera que a cidade reabrisse.
E quando finalmente reabriu por volta do fim de Maio, uma coisa que me tinha esquecido após 22 anos, é quanto Istambul me faz lembrar Lisboa! É o mar e a sua luz, as colinas a olhar para o mar, as ruelas estreitas, os bairros diferentes de zona para zona, os prédios em cima uns dos outros, todos diferentes. Estou farta de dizer, trocas as mesquitas pelas igrejas e é como se estivesses em Lisboa!
A vida aqui é pacata…se não pensares no trânsito, aliás se pensares em como evitar o trânsito! A cidade é enorme, tem mais de 12 milhões de habitantes dispersos entre 2 continentes, não há como não haver trânsito. Tem um ótimo sistema de transporte público, isso sim, mas com a pandemia várias pessoas passaram a evitar o transporte público o que agravou ainda mais o trânsito e há uma escassez de táxis. Já o Tuga é impaciente no trânsito, aqui não é uma questão de paciência, mas de “vale tudo”, eles simplesmente não seguem regra nenhuma, fazem trinta por uma linha para passar à frente o que agrava ainda mais o trânsito, é desesperante. Portanto se há um conselho para quem queira viver em Istambul é tentar arranjar casa e escola e emprego na mesma linha do transporte público ou mesmo a pé!
Esqueçamos o trânsito que há mais na vida…aqui então há comida…muito boa comida. A berinjela é rainha, a carne rei, e o iogurte “labne” o recheio de ouro. O pequeno almoço “Kahvalti” é divino, cheio de pratinhos pequenos com queijos variados, azeitonas, doces, salada de tomate e pepino, ovos mexidos com tomate e pimento, e vários tipos de pão, com doses intermináveis de chá, o que dá para um começo do dia que dura metade da manhã! Gostam de peixe e marisco como nós e para falta de bacalhau há outros peixes que substituem bem, como o mezgit. Os pratos são variados e saborosos, cheios de molhos e especiarias, basta uma visita ao mercado das especiarias para ver os vários produtos em oferta, um verdadeiro arco-íris para os olhos e o olfato.
Uma coisa que adorei há 22 anos e que continuo a adorar é a simpatia dos turcos. São um povo muito acolhedor, sempre dispostos a convidar para um chai (chá verde com açúcar servido a escaldar num bocal de vidro). Especialmente se falarmos em turco, mesmo se for só um pouco, ficam logo com um grande sorriso e prontos para ajudar, estejamos no meio da cidade ou no meio do nada numa aldeia distante.
Após um ano, diria que o balanço é bastante positivo. Os miúdos estão na escola internacional, o marido continua em teletrabalho, eu já domino o trânsito e as idas ao mercado e aos médicos. As visitas guiadas recomeçaram e esta cidade tem muita oferta cultural, até a um concerto da Mariza já assisti! Istambul é uma cidade cosmopolita, moderna, com todos os confortos que se pode esperar de uma cidade desta magnitude. Já vivi em vários países e neste, a única verdadeira barreira é a língua…mas para isso, temos google translate!
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