Início de um ano em Nova Iorque

Raquel Ferreira

2022 amanheceu frio e cinzento em Nova Iorque, mais especificamente em Manhattan.

Dei uma caminhada junto ao East River e fiquei agradavelmente surpreendida quando percebi não ser a única no passadiço sombrio naquela manhã de feriado de Ano Novo. A energia do primeiro dia do ano levou inúmeros nova-iorquinos a passeios à beira-rio, apesar de o tempo lá fora estar muito pouco convidativo. Enquanto andava, passaram por mim vários entusiastas de jogging que corriam, cada um a seu ritmo. Passei também por pelo menos duas pessoas, em locais diferentes do percurso, que escreviam sentadas. Caderno aberto e caneta em punho, debruçavam-se sobre as páginas em jeito de reflexão. Sorri, porque desde que me lembro tenho também este hábito de escrever nesta altura do ano. A tradição de fazer um balanço do ano que termina e esboçar planos para o novo ano a começar. Este hábito, que é para alguns uma resolução, estava a ser cumprida ali mesmo à minha frente. Encontrei ainda alguns leitores, de livro aberto no colo, mergulhados numa qualquer história ou ensaio que imagino fosse cativante, alheios ao que os rodeavam. Olhei ao longe alguns carros e o teleférico da ponte Queensboro.

Início de um ano em Nova Iorque

O tom do primeiro dia do ano não era o da habitual azáfama neste bairro residencial de Manhattan. Havia uma certa serenidade no ar. Faz cada vez mais sentido concentrar-me em descobrir pequenos momentos de calma e introspeção no dia-a-dia acelerado que se vive. Que bom reconhecer algo em comum com outros à minha volta. Há um sentido de união que podemos encontrar na presença de desconhecidos, mesmo numa grande cidade como Nova-Iorque.

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Um comentário em “Início de um ano em Nova Iorque

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  1. Texto verdadeiramente singelo, com uma prosa tão realista que se traduz num verdadeiro poema à vida e aos seus condicionalismos que, de resto, é a constante da vida de cada um de nós, mesmo para aqueles que não sabem ou nunca ousaram expressar os seus sentimentos, as suas observações ou os descuidos em que tropeçam no seu dia a dia.
    Adorei este retalho de vida de uma alma sentida na sua Diáspora.
    Parabéns e continua a partilhar a tua vida e sensibilidade com cada um de nós.

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