Gravidez em Malta

Vera Azevedo

O anúncio da Gravidez em Malta

Quando descobri que estava à espera de bebé, quis muito contar à minha família e aos meus amigos: queria partilhar com eles este momento tão importante nas nossas vidas, e queria fazê-lo ao vivo (farta de tecnologias e de não poder viver as coisas frente a frente). Planeámos logo uma viagem a Portugal na Páscoa (estaria com 15 semanas e meia), para então contarmos a todos pessoalmente.

A partilha àqueles que nos são mais próximos

Aos Pais e irmãos, no entanto, não quisemos esperar tanto. Precisávamos de partilhar este momento com alguém, mais do que um com o outro. Organizámos pequenas surpresas e/ou formas específicas para contarmos a cada um, e assim conseguimos fazer-lhes chegar esta notícia, ansiando ao mesmo tempo que o tempo passasse rápido para que conseguíssemos juntar-nos fisicamente.

A cada 4 semanas lá íamos à consulta e partilhando com quem já sabia a evolução deste bebé. Fotografias semanais para ver a evolução da barriga (quase nula até as 26 semanas), vídeos das ecografias, chamadas, tudo o que nos era possível para que aqueles que são tão importante e que, especialmente agora, faziam tanta falta, conseguissem ir acompanhando tudo.

Planos cancelados

O tempo foi passando e o caos do COVID “re-instalando” quer em Portugal como em Malta. E com isso, mais uma vez, o inevitável aconteceu: a viagem da Páscoa foi cancelada e tivemos de adiar até Julho (já nas 28 semanas) para podermos finalmente voar para Portugal, partilhar este momento ao vivo e a cores, ser enchidos de mimos e viver esta alegria de perto.

Foram 3 semanas para mim (que seriam mais, mas chegava ao limite das semanas que a Air Malta deixava voar) e 1 para o João em que aproveitámos para matar as saudades todas e gozar um bocadinho esta gravidez em família e com os amigos.    

As rotinas da Gravidez em Malta

Quando estamos num país diferente somos obrigados a aprender as coisas todas desse país. Na gravidez, naturalmente, isto também se aplica.

O início do processo foi, para mim, um pouco confuso, dado que não fazia ideia de onde fazer o quê. Enquanto a 1ª consulta fiz com a minha médica (privada), durante a mesma ela informou-me que às 12 semanas tinha de ir ao Mater Dei (hospital público), e que o acompanhamento seria feito pelos dois locais, sendo o parto no Mater Dei.

Assim, lá liguei para o hospital para que a consulta fosse marcada, e no dia que me foi atribuído, lá fomos. Chegados à segurança do hospital para saber onde seria a consulta fomos informados que o João não poderia entrar (restrições COVID), pelo que lá teve ele de voltar para trás e eu segui para a 1ª sala de espera. Dei o meu nome e sentei-me à espera, tendo sido previamente avisada por amigas que me preparasse para uma longa espera.

Cerca de meia hora mais tarde, fui chamada pela 1ª mid-wife, que me fez um “inquérito” sobre tudo e mais alguma coisa, tanto minha como do João, além de me pesar e anotar tudo num “Blue Card” (documento que nos acompanha no resto da gravidez). Terminada esta conversa, fui mandada de volta para a sala de espera, tendo-me sido dito para esperar que seria chamada pelo médico (atribuído aleatoriamente).

Lá fui chamada (passado mais um bom bocado) e tive a consulta. Já a terminar, a médica informou que agora iria fazer análises e que teria de marcar a “Anomaly Scan” (ecografia morfológica) via telefone e a consulta das 36 semanas na receção. Sem qualquer papel para as análises, ingenuamente perguntei como e onde as ia fazer, tendo-me sido indicado o caminho, mas sem qualquer papel.

No entanto, lá fui marcar a consulta das 36 semanas (as restantes faria com a minha médica) e fui para a fila das análises, sem saber bem o que esperar.

Acabei por perceber que a prescrição das análises era enviada eletrónica e internamente, não tendo eu acesso a mesma. Fiz as análises e vim embora sem fazer a mínima ideia de que análises teriam sido feitas. 

Acompanhamento da gravidez em Malta

Passadas algumas semanas tinha médica novamente, e não sabia bem como iria receber as análises. Enviei email ao hospital e 1º disseram que tinha de lá passar, depois que teria de aceder ao myhealth.mt. No fim de contas, acabaram por me enviar os resultados por email e lá descobri o que tinham verificado (que é o mesmo que costumam verificar em Portugal).

Por esta altura, já tinha feito uma pesquisa decente e já tinha percebido o processo e o que fazer ou não. Ora, o mais importante a saber, estando grávida em Malta, é o seguinte:

Por norma, o acompanhamento pode ser feito no Mater Dei (gratuito para quem trabalha e desconta em Malta) ou de forma “mista” (médica/o particular durante a gravidez, mas parto no Mater Dei). Pode fazer-se tudo pelo privado, mas é muito raro que o parto seja feito por essa via;

independentemente de como é feio o acompanhamento, o Blue Card é fornecido pelo Mater Dei. Este cartão deve andar sempre com a grávida, que deve garantir que quem a acompanha preenche, a cada consulta, os batimentos fetais, o resultado do exame à urina e a tensão (mais qualquer informação que seja relevante anotar – dado que quem faz o parto não é quem nos acompanha);

o parto é feito no Mater Dei, por midwives. Este facto inicialmente assustou-me, por não saber quem nos irá acompanhar, mas aos poucos foi-me tranquilizando dado que o acompanhamento que fazem é fantástico. Não só, dado o COVID, criaram um grupo para futuros pais no Facebook onde disponibilizam imensa informação útil para a gravidez, parto, pós-parto e todos os temas com isto relacionado, como estão constantemente disponíveis para nos tirar dúvidas.

Há alguns cursos disponíveis para preparação para o parto. Nós optámos por fazer um dado pelas Midwives e estamos super satisfeitos. O grupo é pequeno (neste momento é via Teams), e assim conseguimos colocar todas as questões que possamos ter. Além disso, podemos colocar qualquer dúvida que não queiramos expor no grupo individualmente.

Quanto a consultas, vão sendo marcadas. As mais relevantes no Mater Dei são: 

– 12 semanas: quando o Blue Card é recebido, análises sanguíneas são feitas e o “inquérito” relativamente aos pais (do bebé), aos avós e tios é feito e preenchido;

– 20 a 23 semanas: Anomaly Scan, feita por um médico e na qual o bebé é visto em detalhe para ver se está tudo bem;

– 36 semanas: 1ª consulta de monitorização fetal. A partir daí, depende de como estiver tudo. No meu caso, como achavam que a bebé era muito grande, tive de ir todas as semanas ao hospital, até que a bebé resolveu nascer.

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