Como ajudar a nossa família a gerir emoções
Gerir as emoções é importante para viver melhor e ser uma pessoa emocionalmente saudável, o que em psicologia se chama de inteligência emocional. A palavra emoção tem origem no latim, na palavra ex movere, que significa “em movimento”. A partir daqui podemos entender como as emoções servem principalmente para nos fazer agir. Isto é, as emoções transmitem-nos informação para podermos adaptar e responder às diversas situações. Por exemplo, a raiva e o medo, consideradas emoções primárias, são acionadas quando o ser humano necessita de energia para superar obstáculos ou em caso de ameaças à vida. Contudo, quando as emoções são demais e nos sentimos paralisados, há que saber parar, sentir e compreender o que nos querem dizer.
Na situação atual de pandemia e, mais recentemente, de guerra na Ucrânia, é natural que os nossos filhos estejam curiosos e façam perguntas, ou até que estejam preocupados, com medo, tristes ou confusos. Especialmente vivendo fora de Portugal, as nossas crianças podem interrogar-se se os avós ou outros familiares que estão longe se encontram bem, pois a ideia de “longe” pode não ser clara para as crianças mais pequenas.
Ouvir, validar e dar segurança
Podemos encorajar os nossos filhos a falar sobre o que sentem mas sem pressionar, caso não estejam interessados em fazê-lo. Mostrar disponibilidade para conversar, evitando julgamentos ou minimizar os seus sentimentos. Sermos compreensivos perante os seus pensamentos e mostrar compaixão, tendo em conta que as suas preocupações e sentimentos podem ser bem diferentes dos nossos. É importante validar as emoções das crianças e explicar a situação de acordo com a sua idade. O mais importante é que se sintam seguras.
Com os mais crescidos
Com as crianças mais crescidas ou adolescentes, uma vez que podem estar expostas a muita informação nas redes sociais, há que ajudar a filtrar os conteúdos e controlar melhor o tempo despendido online. Podemos ainda ajudá-los a identificar fontes seguras de informação e fomentar o pensamento crítico sobre o que veem e que ouvem. Da mesma forma, podemos incutir sempre nos nossos filhos a importância da não discriminação colegas, amigos e familiares, independentemente das suas nacionalidades.
Ideias em família
Podemos incluir na rotina familiar atividades que nos ajudem a relaxar, tais como música, pintura, escrita, ou passeios na natureza. Podemos ensinar exercícios de respiração, relaxamento muscular e mindfulness, e ainda ler livros infantis sobre diferentes emoções. Podemos mostrar que há esperança e que as pessoas em todo um mundo estão a ajudar. Estar atentos a iniciativas de ajuda humanitária e envolver os filhos na escolha daquela em que querem participar, localmente ou à distância.
Para além das palavras
Importa referir que as nossas emoções são transmitidas aos outros mesmo quando não são faladas. Por exemplo, através dos nossos comportamentos, gestos, expressões faciais, tom de voz, etc. Crianças mais pequenas são especialmente sensíveis às nossas alterações comportamentais. Assim, ao gerir as nossas emoções, estamos também a ajudar as nossas crianças a gerir as delas, e a transmitir-lhe a confiança e segurança de que precisam em alturas difíceis.
Para ler mais:
Conversar sobre a Guerra, Ordem dos Psicólogos Portugueses
A Guerra Afecta-nos a Todos, Ordem dos Psicólogos Portugueses
Marta Castro e Raquel Ferreira
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