Educação no Luxemburgo

António Valente

Com a pandemia no mês de março a Escola no Luxemburgo fechou e as aulas passaram a ser on-line. A educação no Luxemburgo como em todo o resto do mundo entrou numa realidade diferente.

Muitas famílias não estavam preparadas por falta de tecnologia. A maioria das pessoas têm investido em telemóveis de última geração mas não em computadores ou tabletes. Foram criados apoios que a grande maioria desconhecia, tais como:

  • A escola podia emprestar ;
  • A autarquia podia comprar a fundo perdido ou emprestar.

Foi também criada uma associação que recupera os computadores de grandes empresas ou bancos restaurando-os e, mais tarde doando-os a quem necessita. A comunicação foi o grande desafio mas os professores fizeram um trabalho excelente.

Aulas de Português

No Luxemburgo é possível ter aulas de Português. O Instituto Camões disponibiliza aulas de Português, uma tarde por semana desde a primeira classe ao 12ª ano, para os alunos que desejem ingressar um dia numa universidade Portuguesa, ou seguir como tradutor numa instituição da UE.

É sempre uma vantagem dominar mais um idioma.

Ensino internacional

Para os Portugueses que chegam com crianças ou jovens existem escolas que têm ensino internacional. No Luxemburgo já existem quatro escolas, lecionadas em Inglês, tendo também a disciplina de Luxemburguês e Alemão.

Existe também a Escola Europeia que para os filhos de funcionários dos países membros da UE é gratuita mas acessível a todos os alunos mediante um pagamento, que penso ser, de cerca de seis mil € anual.

Eu recomendo a um funcionário da UE que chega a este país e que tem crianças, a matricula no ensino público. Assim, a criança até à sexta classe fica a falar o Luxemburguês, Françês e Alemão para além da língua materna e depois já pode ingressar na escola Europeia. (Na Escola Europeia a escolaridade são doze anos e no sistema público são treze anos.)

Se alguém quer entrar no mercado de trabalho e quiser entrar para a administração pública no Luxemburgo, é exigido que se fale o Luxemburguês. As crianças que sempre frequentaram a escola Europeia podem não falar o idioma, e nesse caso, não entram, mesmo sendo Luxemburgueses.

Sistema de Educação no Luxemburgo

O sistema de educação Luxemburguês é muito complexo e exige muita atenção por parte dos encarregados de educação sobretudo se são estrangeiros. Devem estar presentes nas reuniões, se não o fizerem, são os professores e diretores escolares que escolhem o rumo para os vossos filhos.

Na sexta classe os alunos são direcionados para um de três sistemas que são:

  • Clássico,
  • Técnico,
  • Modular.

O Clássico é o mais puxado e dá acesso a profissões mais intelectuais. O Técnico dá acesso à mecânicos, engenharias, electricistas, etc. O Modular acesso a profissões que não precisem muito de usar a matemática como por exemplo jardinagem, hotelaria, agricultura etc.

Segundo as críticas da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, os professores Luxemburgueses começam a ver muitos dos postos chave do país ocupados pelos filhos dos estrangeiros e sentem-se em perigo e com medo que os filhos ou netos não encontrem esses postos um dia. Por esse motivo, tentam enviar os jovens, não nacionais, para as secções mais baixas que darão acesso a trabalhos mais físicos e menos remunerados. Não falo por experiência própria pois tenho duas filhas (23 e 17), e as duas frequentaram o ensino clássico. Sempre apresentaram bom desempenho e eu sempre estive muito presente. A mais velha está a terminar o curso de direito e a mais nova a terminar o ensino secundário. Durante o percurso académico sempre assumiram um papel de líderes, quase sempre presidentes de comissões escolares e diretoras de turma.

Já fui presidente de uma associação de pais de uma escola durante mais de cinco anos e conheço muito bem os problemas da educação do país. Participei em várias reuniões tanto no Luxemburgo como em Portugal, falei várias vezes com o Professor Nuno Crato com o objectivo de alertar para a discriminação que eram alvo alguns jovens conterrâneos. Penso que os resultados foram positivos mas ainda não chega.

Durante esta minha experiência no Luxemburgo, fomos identificando algumas dificuldades na aprendizagem das línguas nos alunos Lusos, sobretudo no Alemão. Sabendo que os país não têm grande possibilidade de os ajudar, a associação regional, da qual sou membro, teve uma ideia brilhante chamada Super Sênior

Consiste em aproveitar as pessoas que estão reformadas e têm capacidades para dar explicações de Matemática, Francês ou Alemão. Estes voluntários são informados pelo professor do aluno das suas dificuldades.  O balanço é excelente, não só pelos resultados obtidos mas também pelos laços que foram criados entre duas gerações. São sobretudo alunos de origem Portuguesa, o que já mereceu muitos elogios da parte do ministério da educação do Luxemburgo.

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