Quando recebi a proposta de trabalho que me levou a morar na Grécia, estava longe de imaginar que a emissão de documentos necessários para trabalhar na Grécia seria uma valente epopeia burocrática.
Como cidadã da União Europeia, inocentemente, achei que seria apenas necessário o nosso Cartão de Cidadão para me mudar para outro país, e todos os restantes documentos, a empresa que me contratou, trataria.
Tal não funciona assim!
Há de facto entidades patronais que apoiam na emissão de documentos, mas o habitual será cada cidadão entrar na aventura do papel e fotocopiadora.
A epopeia burocrática
Qual o meu espanto quando sou confrontada com um email do meu novo emprego, a solicitar os documentos, ΑΦΜ, ΑΜΚΑ e ΑΜΑ. Para mim tudo grego!
Para os meus amigos gregos era difícil entender como emitir os documentos, pesquisei na internet e não havia informação concisa. Cada pessoa, uma opinião, cada website, uma informação.
Contactei um serviço bastante útil para quem quer emigrar para um país da União Europeia, A sua Europa, onde me foi confirmado o tipo de documentos que me estava a ser solicitado, e fiquei ainda a saber da existência do SOLVIT um serviço de apoio jurídico aos emigrantes na União Europeia.
Como obter estes documentos?
O ΑΦΜ (Αριθμος Φορολογικού Μητρώου – Número de identificação fiscal), poderá ser obtido numa repartição de impostos de residentes estrangeiros.
Após a emissão deste documento, poderá ser emitido o ΑΜΚΑ, (Αριθμός Μητρώου Κοινωνικής Ασφάλισης – Número de registo da previdência social), que pode ser obtido num ΚΕΠ – Κέντρο Εξυπηρέτησης Πελατών – Centro de atendimento ao consumidor), o equivalente à nossa loja do cidadão.
Por último, o ΑΜΑ (Αριθμός Μητρώου Ασφαλισμένο – Número Segurança Social), que deverá ser emitido no ΕΦΚΑ – Εθνικός Φορέας Κοινωνικής Ασφάλισης – Agência Nacional de Segurança Social).
Empresa de emissão de documentos
Como eu estava em Portugal e na impossibilidade de tratar deste processo à distância, acabei por usar uma empresa dedicada a emissão de documentos, Diekperaiosi.
O serviço custou, no total, cerca de 200€, e bastaram umas autorizações assinadas pela Embaixada da Grécia em Portugal, certificados apostilados e traduzidos em Grego para ter tudo tratado.
O único documento que não foi possível emitir por uma terceira entidade foi o visto de residência.
Visto de residência
Este documento é emitido pela Hellenic Police Internal Affairs, e demorou 3 visitas para o obter.
Na primeira vez informaram-me quais os documentos a apresentar, a saber, além dos mencionados, também o contrato de arrendamento ou factura de luz, água, gás, ou em alternativa um documento em como um cidadão grego se responsabilizaria pela minha habitação.
A juntar a isto ainda uns documentos que terão de ser preenchidos pela entidade empregadora e, espantem-se meus amigos, 4 fotografias tipo passe.
Na segunda visita já com todos os documentos prontinhos, ficou a faltar um carimbo, pelo que só na terceira visita, segunda-feira de manhã bem cedinho consegui a emissão deste documento.
O tamanho dos documentos
Qualquer português com mais de 20 anos, se irá recordar do nosso Bilhete de Identidade que já tinha um tamanho bastante incomodativo para quem queria usar um micro porta-moedas. Quando o cartão de cidadão surgiu foi um alívio, quer pelo tamanho, quer pelo facto de termos vários documentos incluídos no mesmo.
Por terras helénicas a coisa muda de figura, o visto de residência é duas vezes o tamanho do nosso antigo BI e todos os outros documentos são folhas A4 que, logicamente, não trazemos connosco a todo o momento.
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