Malta, apesar do seu pequeno tamanho, não é exceção ao que se passa no resto da Europa.
O banco onde trabalho foi-se preparando e fazendo testes aos sistemas para o caso de termos de trabalhar todos de casa, e foi aí que percebi que o virús estava mesmo a chegar à ilha (se ainda não estivesse por cá, dada a grande proximidade e “permutas” com Itália e com tantos outros países Europeus).
À data de hoje, 17 de março, passaram 10 dias desde o 1º caso e temos 30 casos confirmados, que ainda são descritos um a um na imprensa, permitindo-nos saber onde foram “apanhados” e as idades e nacionalidades das pessoas.
As medidas adotadas pelo Governo chegam quase dia após dia, restringindo sempre um bocadinho mais a liberdade ou os estabelecimentos que estão abertos. A situação neste momento ainda é de relativa calma no meio do caos, e as medidas que foram impostas são as seguintes:
– Pessoas que venham seja de que país for, ficam de quarentena obrigatória por 14 dias. Para o garantir, a polícia anda a fazer inspeções porta-a-porta, sendo que quem não cumpre paga uma multa de 3000€ (inicialmente eram 1000€ mas a estupidez humana às vezes é incrível e apanharam vários a não cumprir a quarentena, pelo que aumentou);
– Os voos de e para Espanha, França, Suíça, Alemanha e Itália foram 100% cancelados na semana passada;
– As escolas, creches, ATLs, universidades e quaisquer outros estabelecimentos de ensino estão fechadas desde ontem;
– A partir da meia noite de hoje, os restaurantes, bares, museus, cinemas, teatros etc. estarão fechados;
– Muita gente, para não dizer a grande maioria, está em teletrabalho;
– Os autocarros não aceitam mais do que a lotação de pessoas sentadas e foi proibido pagar sem ser com valores certos (ou usando o cartão). Além disso, a partir de 4ª feira, dia 18, vão reduzir as rotas e as horas de funcionamento.
Nós estamos por casa. Mas temos a sorte de ter 2 andares e um ótimo terraço, que sempre permite mudarmos ligeiramente de ambientes e apanhar algum ar ou mesmo trabalhar de lá, quando o dia assim o permite.
Temo-nos obrigado a manter as rotinas da semana, apesar de estarmos a trabalhar de casa, evitado sair quando há mais gente na rua. No entanto, e por agora, temos mantido a “voltinha” diária, que fazemos ao fim do dia, quando praticamente não há pessoas na rua e no jardim à frente de casa que agora esta quase sempre deserto. Fora isso, temos saído apenas para comprar comida ou qualquer coisa que seja mesmo urgente.
Ao mesmo tempo que o nosso dia é diferente e que há todas estas mudanças, nesta fase é mais estranho ou torna-se mais “sensível” estar longe, fora do alcance das nossas famílias e dos amigos de sempre. No entanto, sabemos que estão bem, nas suas casas, e a maioria em Portugal, e mais do que nunca ficamos gratos por vivermos nesta era tecnológica e pelas benditas Apps que nos permitem falar todos “ao monte” e fazer com que isto seja muito mais fácil e os sintamos mais perto. https://houseparty.com
Mesmo assim, os dias são mais difíceis, são mais longos e a incerteza desajusta os nossos sentimentos e a nossa estabilidade. No entanto, e pelo menos por agora, estamos bem e a lidar também bem com isso.
Não sabemos como isto vai evoluir, ou que outras medidas irá o Governo de Malta tomar. Acredito que dependa do número de casos que por aqui houver a cada momento.
O maior receio que temos neste momento é que isto do #stayathome se estenda por muito tempo. Porque, na verdade, ninguém sabe até quando estaremos assim. Por agora ainda se pode circular livremente, apesar de as pessoas estarem a ser aconselhadas e incentivadas a ficar em casa. No entanto, se for decretado que temos de ficar fechados e se essa medida for por muito tempo, possivelmente, e se nos permitirem, voaremos até Portugal e passaremos a quarentena que for requerida juntos dos nossos. Sempre aproveitamos um bocadinho, já que costumamos ir sempre a correr a Portugal.
Estamos num modo de “ir andando e vendo”. Estamos bem. Temos tudo o que precisamos e dificilmente passaremos alguma dificuldade dado que os supermercados e farmácias estão a precaver-se para nunca faltarem stocks do que for necessário.
Como se diz por todo o mundo, vamos ficar todos bem. Mas precisamos de tempo para que isto acalme.
Os impactos que irá ter? Enormes, com toda a certeza. Em Malta, em Itália, na China, no Brasil, em Portugal, em todo o mundo. Mas vamos ver, step by step e um paço de cada vez.
Ainda estamos basicamente na fase zero, ou na um, vá, em que o virus “acabou de chegar” à ilha. Ainda hão-de aparecer muitos casos (ou não, quem sabe?), mas teremos mesmo de ser pacientes e esperar para ver.
Até lá, aproveitemos o tempo em casa. Organizemos tudo, arrumemos tudo, criemos jogos ou joguemos aqueles para os quais nunca temos tempo, tratemos de assuntos que sejam possíveis à distância, ponhamos a leitura em dia ou peguemos naqueles livros que estão na prateleira há mais tempo, aprendamos qualquer coisa nova e que nos motive, falemos com todos os nossos amigos, também eles em casa nas mesmas horas que nós. Mantenhamo-nos ativos e entretidos. Isto vai passar, só nos resta esperar e ver quando.
E certamente, ou pelo menos assim quero acreditar, quando isto acabar daremos mais valor às pequenas coisas o que, no fim de contas, até é bom. Afinal, não pode ser tudo mau e mais do que nunca é importante ver o lado positivo das coisas.
Querida Vera! Gostei de finalmente ler as tuas experiências! O covid deu-me tempo para com calma passar por aqui! Bom retrato do que é esta nova realidade por aí!
Acho que neste momento já se consegue ver uma luz ao fundo do túnel pelo menos aqui na Suíça. Vamos ver! Beijo grande