Ou como esta decisão, em boa hora, nos atropelou sem aviso!
Emigrar não fazia parte dos meus planos!
O meu percurso
Cresci numa cidade pequena no norte de Portugal e, apesar de ter saído de lá para estudar, acabei por voltar para assentar arraiais!
Comprei casa, casei… tivemos o primeiro filho… e uns anos depois veio a segunda!…
Entretanto, fui construindo uma carreira numa multinacional farmacêutica, onde entrei como Delegado de Informação Médica, e onde fui sendo sempre desafiado para tarefas de crescente responsabilidade!
Enfim… aos 44 anos… já tinha liderado grandes equipas… era responsável por uma das marcas “A” da companhia e tinha perspectivas de ascender ao Comité de Direcção da mesma empresa!
Porque diabo me havia de passar pela cabeça deixar tudo isto, e abraçar nova aventura noutras paragens?… Não acham?
O click do emigrar
Só que a vida tem destas coisas!… e um dia, estava eu a fechar umas apresentações para a discussão do “Budget” para 2016 e recebo uma mensagem, via Skype, de um amigo que trabalhava nos headquarters da minha empresa em Basileia: “Hugo!… Como estás?… Olha, vai abrir uma vaga na minha equipa e eu acho que tu tens o perfil certo para a mesma… posso dar o teu nome à Nathalie?” A Nathalie era, como é bom de ver, a sua chefe!
Uma pergunta simples… mas de resposta complexa!
A revelação de que alguém se havia lembrado de mim para uma posição internacional, deixava-me satisfeito!… E, em poucos segundos, a ideia que se começava a formar na minha cabeça, dava-me uma inesperada vontade de dizer que sim!…
Seria uma loucura?… Como será que a Luísa irá reagir? E os miúdos?…
Respondi que precisava de falar em casa antes de lhe dar uma resposta!… E pedi-lhe 1 dia!
O abrir da porta para a emigração
A conversa em casa não foi definitiva… mas quisemos abrir aquela porta… de modo que acabei por responder ao meu amigo antes mesmo de terminar o prazo: “Sim, dá-lhe o meu nome! E seja o que Deus quiser!” num misto entre o entusiasmo e o medo dos dias que se iriam seguir!…
E foi assim que, “making a long story short”, depois de um bem-sucedido processo de selecção… e sem muitos planos à mistura… fizemos as malas e rumamos a Basileia, na Suíça!
Pelo meio as decisões mais difíceis:
A Luísa que deixa de trabalhar?
O Francisco que não quer ir! E que vai contrariado, e contrariado permanece durante meses!
A Francisca que não fala nada que não seja o Português!
Em que escola os colocamos?
“O Alemão deve ser demasiado, não achas?”…“sobretudo para o Francisco que, ao menos em inglês, é capaz de comunicar!”
“Está decidido… vão para escola internacional e não se fala mais nisso”
“Mas as escolas locais são óptimas… e ficavam a dominar mais uma língua!”
“Estás doido, homem, como vamos pedir a um rapaz de 13 anos que aprenda matemática e biologia, em alemão… ao mesmo tempo que melhora o seu nível de inglês… se ao menos fossem mais novos!”
E assim fomos, tropeçando nas nossas dúvidas e certezas, até encontrarmos o que, para nós, fazia sentido!
- E para nós fez sentido, que a Luísa se concentrasse no apoio que os nossos filhos precisavam!
- Que eles frequentassem uma escola internacional, e adquirissem um nível de inglês quase nativo, ainda que assumindo o sacrifício no alemão!
- Para nós fez sentido, a mescla de culturas que esta escola lhes proporcionou… e à qual nunca estariam expostos se não tivéssemos saído da nossa terrinha!
- Para nós fez sentido, toda a riqueza que estas experiência nos tem e lhes tem proporcionado!
- E se hoje sabemos algo, é que se tivéssemos sabido antes, o teríamos feito bem mais cedo nas nossas vidas!
Um abraço a todos!
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