Licenciei-me em 2002 e regressei à cidade que me viu nascer, a Guarda, onde esperava começar uma carreira. O meu primeiro emprego, ou melhor, um par de horas por semana, foi num colégio de línguas. Não me encheu as medidas, nem pouco mais ou menos, e achei que não faria uma carreira! Uns meses depois comecei na formação profissional em várias instituições até 2012.
Um início de carreira difícil
Sou professora do 3º ciclo e secundário (Inglês e Alemão) e nunca trabalhei no ensino público em Portugal, pois em 10 anos, apesar de concorrer para praticamente todo o país, nunca fiquei colocada!
Casei em 2010 e, como costumo dizer entre gargalhadas, e sem qualquer tipo de embaraço, regressei da lua de mel e desfiz as malas em casa dos meus pais! O meu marido estava em Aveiro, onde estudou, comprou casa e se estabeleceu a nível profissional. Cansei-me de fazer e desfazer malas para estar com o meu marido, e vice versa e, em Janeiro de 2012
rescindi todos os contratos que tinha (eram alguns) e fui para Aveiro.
Durante esse ano, entre 2012 e 2013, não trabalhei (não consegui nada) e foi entăo quando surgiu uma oportunidade inesperada. Em Setembro de 2012, estávamos nós de férias, o meu marido recebeu um telefonema da Noruega a marcar uma entrevista in loco. Long story short (versão resumida), em Outubro visitámos a Noruega, e decidimos instalar-nos no início de Janeiro.
A perspetiva de ter uma carreira fora de Portugal
Entre uma miríade de assuntos para resolver e preparativos, tratei de traduzir todos os documentos de âmbito profissional, porque o meu objetivo sempre foi trabalhar. Para além do mais, viver na Noruega, não trabalhar (e enlouquecer em casa) e só com um salário, não é um cenário idílico.
Tencionava seguir com a minha carreira profissional. Assim, ainda antes de vir para Kongsberg, pesquisei o que havia por aqui e, enviei CV para uma escola internacional. O processo pareceu-me fácil e, pouco ou nada mais fiz de Portugal. Sinceramente tinha assuntos mais importantes com que me preocupar na altura.
Aqui chegados a 9 de Janeiro de 2013, confesso que precisei de um par de semanas para me ambientar, desempacotar 3 paletes que entretanto chegaram, arrumar e construir um lar, “rodar a sandália” (as botas neste caso) pela cidade para conhecer e familiarizar-me com as compras no supermercado.
Arregaçar as mangas…aqui vou eu. Tenho uma carreira para trilhar
As escolas públicas aqui são geridas e o pessoal recrutado pela câmara municipal e, ter o nível B2 de Norueguês é obrigatório. Assim que me cingi à dita escola internacional com instrução desde o 1º ao 10º ano. Uma escola IB (International Baccalaureate) com um currículo do qual eu pouco ou nenhum conhecimento tinha. Um dia, ganhei coragem e apresentei-me lá diretamente com um CV na mão. Eu sabia que não havia nenhuma posição disponível, mas ainda assim tentei a minha sorte.
No início de Abril, fui contactada para ir a uma entrevista. Tínhamos ido a Portugal passar a Páscoa e, fiquei doente. Pela primeira vez na minha vida estava quase afónica, e com uma rouquidão horrível no pouco que conseguia falar. Mas lá fui à entrevista.
Quem conduziu a entrevista foi o diretor, que por coincidência tinha trabalhado em Portugal durante uns anos como diretor numa escola IB. Muito satisfeito e com conhecimento da tenacidade Portuguesa e o “arregaçar das mangas” no que respeita ao trabalho, fui contratada como professora substituta, ou seja, quando alguém estivesse doente eu seria contactada.
Assim foi durante uns meses. Claro que tinha semanas que trabalhava um par de horas e mais nada, não me governaria com isso nem me encheria as medidas, mas serviu para mostrar a minha disponibilidade, a vontade de trabalhar e de fazer a minha carreira.
A concretização da carreira
Em Novembro, assinei contrato como professora de Espanhol. Pelo simples facto de me safar muito bem com a língua e o facto de ter crescido também com ela, não só por uma questão geográfica (Guarda). Tinha conhecido o professor de Espanhol (latino-americano) umas semanas antes, ele disse que em princípio iria embora, e que eu é que devia ficar com a disciplina, porque o meu espanhol era muito bom. Ele “rescindiu” contrato e eu assinei! Qual “rei morto, rei posto.”
Passados 7 anos aqui estou eu, na mesma escola, estudos feitos através de uma Universidade de Madrid, muito orgulhosa do que fiz para aqui chegar. Muito feliz com a minha carreira profissional e com tudo e com todo o apoio que recebi para levar a cabo esta demanda.
Na escola já somos 3 portuguesas na equipa e começámos todas sensivelmente na mesma altura, ou pelo menos no mesmo ano. Somos de pontos diferentes do país mas tornámo-nos muito boas amigas e isso, é o que mais prezo ainda no trabalho e, faz-me tão bem falar Português, rir em Português e desabafar, depois de um dia mais difícil, também em Português!
Vamos lá agora falar do bom do mau e do melhor de trabalhar na Noruega.
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Um exemplo de persistência !
Parabéns!
Um exemplo de vida, de versatilidade e de persistência.
O sonho comanda a vida e ainda bem que assim é!
«Em Novembro, assinei contrato como professora de Espanhol. Pelo simples facto de me safar muito bem com a língua» Em Portugal seria impossível lecionar sem um diploma, nem uma oportunidade lhe dariam apesar dela dominar bem o Espagnol e ser profissionalizada num outro grupo. Dá para comparar e concluímos que Portugal tem muito que evoluir !