Em Julho de 2018, tive uma oferta de trabalho para uma empresa em Madrid e aí começou a aventura de tentar perceber como conseguiria obter todos os papéis necessários para assinar o contrato de trabalho com a empresa. Iria mudar-me desde Lisboa para Madrid com o meu marido mexicano, que tinha a residência portuguesa. Partilho a minha experiência, apesar de saber que outras coisas resultaram com outros portugueses.
Para assinar o contrato, a empresa pedia-me três coisas: NIE (número de identificação estrangeiro), “empadronamiento” (uma espécie de um registo na junta de freguesia que comprove que estou a viver em Madrid) e uma conta bancária aberta em Espanha. Percebi que não podia alugar casa ou abrir conta bancária sem o tal NIE, portanto essa foi a minha prioridade. O meu marido tinha que esperar que eu tivesse o meu NIE para começar o seu processo de NIE também.
Fiz uma marcação online para obtenção do NIE e só me deixava ir a “Avenida de los Poblados”, no sul da cidade, passados dez dias. Tive que pagar uma taxa num banco (há alguns que não deixam pagar, nunca percebi bem porquê) e pus-me na longa fila para pedir o NIE. Quando chegou a minha vez, explicaram-me que não precisava do NIE para assinar o contrato com a empresa, mas iam-me pedir um NIE provisório para poder abrir conta bancária na Espanha. Entretanto, tinha que procurar casa para alugar e assim obter o “empadronamiento”, mas sem NIE nem conta bancária espanhola estava um pouco complicado.
Depois de ver sete apartamentos, encontrámos um que adorámos e por sorte foram flexíveis e não nos exigiram NIE nem conta bancária. Assinei o contrato com o meu passaporte e conta bancária portuguesa e pelo menos já tínhamos um tecto para dormir. Fomos pedir o “empadronamiento” e disseram-nos que tínhamos que pedir uma marcação online. Como era urgente, lá nos deram uma marcação para o dia seguinte e obtivemos o “empadronamiento” – documento que comprovava que estávamos a viver naquela casa.
No dia em que me deram o NIE provisório, cerca de dez dias depois de assinar contrato com a casa e uma semana depois de o ter solicitado, abri conta no Banco Santander. Optei por abrir numa sucursal ao pé do meu trabalho pois disseram-me que qualquer papelada posterior teria que ser feita no escritório em que abrisse a conta.
Já tinha NIE, já tinha “empadronamiento” e conta bancária: podia assinar contrato com a empresa. Ao mesmo tempo, dirigi-me à segurança social para pedir o meu número de SS, necessário para a empresa e para, posteriormente, ir ao centro de saúde do meu bairro pedir o cartão de utente – “tarjeta sanitária” (nenhum destes dois requer marcação prévia).
Já com o contrato assinado, fiz uma marcação para pedir o “certificado de cidadão da UE) com o NIE (e não a folha provisória que me tinham dado anteriormente e que tinha vigência de três meses) na “calle Padre Piquer” e tive que pagar de novo uma taxa – supostamente a primeira taxa não era necessária, mas era demasiado complicado obter o reembolso. Deram-me um cartão verde em papel na hora (comum a todos os residentes da União Europeia). Esse cartão – NIE – não serve de identificação pois não possui fotografia. Tem que ir sempre acompanhado de outra identificação oficial – cartão do cidadão português, passaporte ou carta de condução.
Não foi necessário fazer o NIF, pois este é igual ao NIE.
Link para marcação do NIE:
https://sede.administracionespublicas.gob.es/pagina/index/directorio/icpplus
Ao que a burocracia chega!Afinal é um pouco assim por todo o lado!