Arrendar casa na Alemanha (parte I)

Marina Pacheco

Chegar à Alemanha e encontrar uma casa para morar pode não ser o processo mais rápido.

A procura de casa para arrendar é imensa, a oferta não chega para dar resposta e as condicionantes são algumas. Os senhorios (Vermieter) são exigentes, a documentação necessária é vasta e o perfil do inquilino é verdadeiramente avaliado. Assim arrendar casa na Alemanha pode não ser um processo rápido.

Onde procurar

Há vários websites disponíveis, com opções de filtragem que facilitam a seleção, mas há uma série de parâmetros a ter em conta para não se cair em interpretações erradas.

As páginas mais comuns de pesquisa são www.immowelt.de  ou www.immobilienscout24.de, mas há, naturalmente, tantos outros, bem como existe a possibilidade de recorrer a agências ou privados, como por exemplo, consultando o Ebay na secção Kleinanzeigen (Classificados).

O processo de arrendar casa

Encontrando a casa ou apartamento que se pretende, preenche-se, geralmente, um formulário de contacto e, com brevidade, recebe-se uma resposta: um convite para visitar o imóvel em determinada data e hora ou a informação de que não está disponível por excesso de pedidos de visita (sim, pode acontecer no próprio dia do anúncio, uma vez que a procura é imensa) ou por o perfil do candidato não ser aquele que o senhorio procura (é um facto que os senhorios são exigentes).

Conseguindo uma visita ao “Wohnung/ Haus” (apartamento/ casa) e tendo interesse no mesmo há uma série de documentos que são necessários entregar como o vencimento mensal e em alguns casos, comprovativo oficial de não dívida (SCHUFA – é a entidade que certifica  a idoneidade do cidadão no que diz respeito aos créditos).

Mas até isso acontecer pode demorar algum tempo e o ideal é sempre ter várias hipóteses em consideração. Encontrar casa à primeira visita é realmente muito raro. E há que ter em conta tudo aquilo que nos é necessário, conforme o nosso estilo de vida.

Se não se tem carro, o ideal é conhecer bem as redondezas e ver os acessos e a proximidade de supermercados, farmácias, bancos, transportes públicos, etc… Geralmente não será difícil encontrar uma série de soluções nas cidades maiores, mas em cidades mais pequenas ou aldeias mais afastadas dos grandes centros (e, por isso mesmo, mais baratas) a oferta é diferente. Há que ter tudo isto em conta.

Sendo a Alemanha um país tão rico em parques naturais, é sempre interessante, conseguir uma casa perto de algum, de modo a ter sempre um local onde passear, até porque na cultura alemã são muito frequentes os passeios na natureza e, por isso mesmo, centros comerciais ou alternativas do género aos feriados e domingos não são, de todo, opção (está sempre tudo fechado).

Ora, com sorte, se o senhorio gostar do perfil do visitante e aceitar que seja seu inquilino passa-se, consequentemente, ao processo de arrendamento. Para isso serão necessários os seguintes requisitos e documentos:

– Cartão de Cidadão ou Passaporte;

– Comprovativo de vencimento (poderá ser dos últimos 3 meses ou até mais);

– Dados do SCHUFA (nem todos o exigem);

– Pagamento de uma caução (Kaution), que geralmente é equivalente, pelo menos, ao valor de 3 rendas;

– Nova visita ao imóvel para verificar o seu estado, identificar contadores ou obter informações de regras mais específicas;

– Assinatura do contrato de arrendamento (Mietvertrag)

É essencial ler as regras que constam no contrato, sobretudo no que diz respeito a animais, lixo, limpeza do prédio (se for o caso), danos ou rescisão do mesmo. Os senhorios são extremamente protegidos pela lei alemã e há, por vezes, situações conflituosas que queremos todos evitar.

Dois conselhos

1) se possível evitar morar no mesmo prédio ou zona habitacional do senhorio. Há muitos que se aproveitam disso para controlar a vida do seu inquilino e até sugerir visitas regulares para ver o estado da casa. Parece-me deveras desconfortável. 

2) a caução deverá ser devolvida pouco depois de se sair do apartamento/ casa, mas há muitos senhorios que atrasam a sua devolução, alguns arrastando o assunto por largos meses. O ideal é não deixar prolongar a situação e recorrer a um advogado. Todas as cidades têm o Mieterverein (Associação para a Defesa dos Interesses dos Inquilinos) e é a ela que nos podemos dirigir.

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