Ir viver para um país que usa uma língua que desconhecemos pode ser muito intimidador, e ainda mais quando usa outro alfabeto. No meu caso, foi a língua búlgara e o alfabeto cirílico. No entanto, ambos revelaram-se, relativamente fáceis. Nas linhas abaixo intenciono desmistificar a aparente dificuldade de aprendizagem do alfabeto cirílico. Não sou linguista nem o pretendo ser, por isso perdoem-me qualquer imprecisão linguística.
Ao início eu pensava que o búlgaro iria ser útil apenas na Bulgária, mas como estava enganada! Sendo uma língua eslava, e a única que aprendi até agora, abriu-me as portas para todo esse mundo linguístico e até para decifrar um pouco do alfabeto grego.
Já consegui comunicar, sem recurso ao inglês ou outra língua comum, com eslovacos, eslovenos, croatas, bósnios, sérvios, kosovares, albaneses, polacos e russos. E isto, sem falar o búlgaro fluentemente, mas, com alguma linguagem gestual misturada.
Antes de alongar-me, convém esclarecer, que, o alfabeto cirílico é na verdade búlgaro, tendo sido difundido pelo Primeiro Império Búlgaro. É derivado do alfabeto glagolítico que foi criado pelos irmãos São Cirilo e São Metódio, no século IX, com o objetivo de transcrever a Bíblia para as línguas eslavas. Atualmente, é utilizado em vários países com ligeiras variações nas letras usadas. Aqui descrevo apenas as letras e fonética usadas na Bulgária.
A complexidade do alfabeto cirílico pode ser desmitificada
As minhas primeiras aulas de búlgaro foram obviamente dedicadas ao novo alfabeto. O que parecia uma tarefa de alta complexidade, revelou-se extremamente simples. Ao dividir o alfabeto por grupos de letras torna-se muito fácil a aprendizagem. Começando pelas que são exatamente iguais ao alfabeto latino chegando às que são totalmente diferentes, uma minoria. Frequentemente as letras minúsculas têm uma grafia totalmente diferente das maiúsculas e pode ser complicado ler rótulos ou ementas, mas com o tempo acabamos por habituar-nos.
As 30 letras do alfabeto búlgaro
Começamos com as letras que têm grafias e sons iguais em português.
Depois vêm as letras com grafia igual mas com sons de outras letras nossas conhecidas.
Fácil até aqui. Ainda que a troca das letras possa provocar alguma confusão. Só depois vêm as letras novas mas ainda relativamente fáceis com sons equivalentes aos nossos e algumas semelhantes ao alfabeto grego usadas como símbolos em matemática e física.
E por fim as letras com nova grafia e novo som.
Fácil! Depois o complicado são o vocabulário e a gramática. Não é imprescindível aprender a língua para viver na Bulgária, há quem não o aprenda, mas torna a vida do dia a dia muito mais fácil. Depois de 14 anos a viver na Bulgária parece que vou ser sempre a estrangeira que troca os verbos, os géneros e usa um número limitado de vocabulário. Mesmo assim, consigo comunicar relativamente facilmente e o alfabeto ajuda imenso porque é muito fonético. As letras têm virtualmente sempre o mesmo som! Tão bom!
E agora, já consegues decifrar o que está escrito nestas placas?
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