Eu, como geração “millennial”
Considero-me uma “millennial” pura e dura, nascida em 1989 e crescida com os primeiros telemóveis tijolo, a internet por telefone num computador com Windows 95, os CDs e as cassetes de vídeo. Uma geração diferente.
Sempre me disseram que, esta geração poderia ser o que eu quisesse quando fosse grande. O mundo cada vez mais globalizado era uma realidade e a universidade era o caminho óbvio. Aos 19 anos, a frequentar o curso de Gestão, interessei-me por uma associação de estudantes que promovia estágios internacionais e oportunidades de liderança: decidi inscrever-me. Na AIESEC, exerci vários cargos de gestora de equipas enquanto estudava, fui diretora de relações internacionais a nível nacional e quando terminei a experiência decidi partir à aventura e fazer um estágio internacional numa empresa. Depois de vários processos de seleção, o México escolheu-me.
O México, a minha primeira experiência internacional
Parti para a Cidade do México com 22 anos, um bilhete de ida e muitos sonhos. A aventura que supostamente iria durar um ano terminou só ao fim de cinco. Trabalhei em duas empresas, dei aulas de português aos fins de semana, viajei de carro, autocarro, mota, conheci o meu marido, fiz amizades que ainda hoje duram, organizei festas para 200 pessoas e senti-me só, aprendi a expressar-me todos os dias num idioma que não era o meu, conheci-me melhor que nunca, fui enganada e roubada, vivi em oito casas diferentes e partilhei-as com diversas nacionalidades, personalidades e manias, senti que pertencia àquela cidade mas também senti medo.
O resultado dessa experiência
Regressei a Portugal ainda com mais sonhos, mas depressa percebi que algo tinha mudado. E não era o país ou as pessoas. Tinha mesmo sido eu a mudar. Já não era a mesma pessoa que saíra de Portugal cinco anos antes. Não sei dizer se mudei por me ter tornado mais adulta ou se por ter vivido no México, mas passei a ter uma atitude perante a vida e uma perspetiva da realidade um pouco distinta da dos portugueses com quem falava e que tinham optado por ficar no país. Talvez por isso tenha sentido um impulso de avançar para a partilha da minha experiência, como também as de outros portugueses da minha geração que decidiram emigrar com motivações diferentes.
Comecei a passar as minhas memórias mexicanas para o papel e a entrevistar amigos portugueses da mesma geração a viver noutras partes do globo: a Cláudia vivia na Bélgica, mas tinha passado pela França, Jordânia, Irlanda, Haiti, Guiné e Reino Unido.
A Constança viveu em Londres e também estava de regresso a Portugal, o Daniel estudou e continuava a viver na Suíça e o Francisco já se tinha aventurado pela Turquia, Polónia, França, Uruguai, Quénia e Moçambique antes de estabelecer-se no Qatar.
O livro propriamente dito
Das histórias de vida tão distintas de cinco portugueses, da mesma geração, no estrangeiro surgiu o livro “Millennials: Cidadãos do Mundo”, lançado em Setembro de 2019 e editado pela Sana Editora, com o objetivo de dar a conhecer o universo do português emigrante de hoje em dia, da geração de talentos que saiu do país para poder trabalhar na sua área de conhecimentos, dos jovens que fugiram à crise, inconformados com o mercado profissional pouco aliciante do país ou, simplesmente, ávidos por conhecer o mundo, sair da sua zona de conforto e chamar “casa” a outro país.
Podem adquirir o livro na WOOK, Fnac ou Bertrand online, ou diretamente comigo (a autora),
enviando e-mail para crismillennial@gmail.com ou mensagem na página oficial do livro: https://www.facebook.com/millennialscidadaosdomundo
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