A Covid-19 nos Países Baixos (2)

Patrícia Pereira

A filhota e o marido entretanto adaptaram-se bem ao estar em casa.
A filhota vai fazendo chamadas de vídeo com as amigas, agora está de férias, mas durante o tempo de escola todos os dias tinha uma lista de tarefas para fazer, 2 vezes por semana tinha uma aula de música via Zoom, e duas aulas de matemática também via Zoom. Todos os dias as professoras mandavam um video de abertura do dia, com as tarefas para o dia. Admiro imenso a consistência, a paciência, e sobretudo a boa disposição delas. A filhota no início achava que estávamos todos de férias, e para ela foi bom estar com ambos os pais em casa, mas ao mesmo tempo não percebia muito bem que não estávamos de férias e que tínhamos todos de trabalhar.


Entretanto, claro, todos os eventos com mais de 100 pessoas tinham sido cancelados até 1 de Junho. Há duas semanas foi decidido que iam ser cancelados até 1 de Setembro. Isso inclui, claro, o concerto dos Pearl Jam, que já foi adiado para 2021, e o Pinkpop, festival de música rock, que também foi adiado para 2021…Eu sei, problemas de primeiro mundo, mas ao mesmo tempo, todas estas empresas e pessoas que vivem do contacto com o público estão a tentar sobreviver….e basicamente, o que pédem é que as pessoas não peçam o dinheiro de volta, mas os bilhetes já comprados são válidos para o próximo ano.


A nossa empregada de limpeza deixou de vir, mas continuamos a pagar-lhe…felizmente, podemos, e faz-nos sentido continuar a pagar-lhe já que teve de deixar de trabalhar, e claro é dinheiro que deixa de receber. Continuamos a encomendar produtos da loja portuguesa. Mandamos vir comida bastante frequentemente, muitas vezes porque não temos um jantar propriamente dito, e também, porque continuamos a ajudar os restaurante que já conhecíamos…

Neste momento, voltei ao trabalho há duas semanas. Decidi que ia de bicicleta, para reduzir o contacto com outras pessoas no autocarro, e também porque, como reduziram a frequência, demoro muito mais tempo. Assim, vou de bicicleta, mesmo que chova…todos os dias quando chego a casa, o ritual repete-se, lavar mãos, desinfectar tudo, e banho… Mas agora já vou ao supermercado, quando é preciso….Aos poucos vão começar a levantar o lockdown, mas vamos ver o resultado. O que é certo é que os números (conhecidos) por cá são bastante altos, e como só testam quem chega ao hospital com sintomas de covil-19, os números serão bastante mais altos. 

Também por cá, se o tempo fica bom, as pessoas vão para as praias e para os parques, e passear. Toda a gente se afasta umas das outras quando se cruzam no caminho, mas ao mesmo tempo fazem festas (uma das regras que foi anunciada numa das conferências de imprensa foi o facto de se poder receber até 3 convidados em casa, desde que se mantenha a distância de segurança.) Para limitar o número de festas e ajuntamentos, o governo decidiu castigar os infractores onde lhes dói mais: na carteira. Ajuntamentos em que não seja mantida a distância de segurança implica uma multa de 390€ para particulares e 4000€ para empresas…


Se o mudar de país nos faz ver a vida com outra perspectiva, e faz-nos apreciar certas coisas, às quais não dávamos valor, este vírus acaba por ainda aprofundar mais esse sentimento. O que nos conforta é saber que os nossos vão estando bem, apesar da preocupação que sentimos à distância…Há-de passar….”





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