Começámos a ouvir falar do novo corona vírus em Janeiro, mas estava lá distante, portanto nem ligámos muito.
A minha sogra veio visitar-nos, como já estava programado, e ficaria até ao início de Abril, quando iria para Londres, e daí voltaria para Portugal.
O primeiro caso foi noticiado a 27 de Fevereiro, em Tilburg, no sul. No dia 28 de Fevereiro noticiaram o segundo caso no país, em Diemen (cidade colada a Amsterdão, e colada à zoa onde trabalho e onde moramos). Rapidamente o número cresceu e de repente, só falávamos disso. A minha sogra só pensava que se queria ir embora, e de repente, o marido veio com ordens para trabalhar de casa , sem saber durante quanto tempo.
O Governo falou ao país, e a estratégia passava por um Lockdown inteligente, de modo a proteger os mais frágeis e ganhar imunidade de grupo: Trabalhar de casa o mais possível, Manter-se em casa o mais possível, manter uma distância de 1,5m, eventos cancelados, escolas e universidades fechadas. Todas as lojas consideradas não essenciais fechadas. Restaurantes só abertos se for para take-away.
No dia em que anunciaram as medidas havia filas gigantes às portas das coffeeshops…(que depois acabaram por poder manterem-se abertas para take-away). Reuniões e ajuntamentos de várias pessoas passaram a ser proibidos, a não ser que seja possível manter uma distância de pelo menos 1,5m. Também aqui houve uma corrida ao papel higiénico (?). E vou confessar uma coisa…também eu fui comprar papel higiénico….porque o que tinha estava a acabar….e digo-vos que me senti uma açambarcadora….é incrível o que uma situação destas faz….o facto de estar a levar artigos que esgotam rapidamente nos supermercados, mesmo não levando grandes quantidades, e levando porque a) precisamos (estão na nossa lista de compras) e b) estão disponíveis, leva-nos a sentir estranhos….enfim….
A empresa onde trabalho também seguiu as recomendações do governo:quem puder trabalhar de casa que o faça, tendo sintomas de constipação, febre, tosse, etc, não ir trabalhar. Eu fui um dia e fiquei com tosse, portanto acabei por ficar duas semanas a trabalhar de casa. Ao fim de duas semanas fui trabalhar.
Foi estranho sair de casa, os autocarros (quase) vazios, o estranho sentimento de ter de tocar com as mãos no botão de paragem, ter de me agarrar, porque para manter a distância não me pude sentar….foi super estranho, e claro, com a ventania que há neste país, mesmo de cabelo apanhado, parece que passei o tempo todo de mão na cara…. Cheguei ao trabalho, lavei as mãos, e fiz o meu dia normal de laboratório, no fim do dia, quando cheguei a casa, não toquei em ninguém, nem em nada, enfiei-me na casa de banho, lavei as mãos, desinfectei mochila, telemóvel, relógio, óculos, pulseira, tomei banho e pus toda a roupa para lavar. No fim do dia tinha tosse outra vez…foram mais duas semanas sem sair de casa.
Não se vê assim tanta gente na rua, o centro da cidade parece abandonado, mas ao mesmo tempo dizem-nos que há mercados a funcionar onde as pessoas não mantêm a distância de segurança… Entretanto parece que toda a gente decidiu fazer jogging.
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