A Bélgica – Uma caixinha de surpresas

Samantha Verpoort

A Bélgica pode passar despercebida em relação a outros países para se visitar, mas para quem lhe dá uma oportunidade – Descobre uma caixinha de surpresas!

A morar aqui desde 2017, posso dizer-vos que continuo a ser constantemente surpreendida pelas descobertas que faço e por isso queria partilhá-las convosco.

Na Bélgica temos praias, lagos, montanhas, planícies e florestas. É espantosa a forma como a natureza circunda as vilas e como encontramos sempre um cantinho verde em cada esquina.

Vamos a um bocadinho de história?

Sabiam que Napoleão foi derrotado na batalha de Waterloo, que fica a meia hora de Bruxelas? Para simbolizar este acontecimento, foi edificada uma colina de 169 metros de diâmetro e 41 metros de altura, acessível através de uma escadaria de 226 degraus. No cume encontra-se um leão (Butte du Lion) com a boca aberta na direção de França e com um globo debaixo da pata, que simboliza a paz na Europa. No local existe também um Panorama e um Museu Memorial, com vários pontos de visita e anualmente são ainda realizadas reconstituições da batalha com centenas de pessoas envolvidas para além do público espectador.

Outra das batalhas, desta vez interna, foram os 541 dias que a Bélgica demorou para formar governo entre 2010 e 2011. Sim, o país continuou a funcionar mesmo assim e o Guinness World Records atribuiu à Bélgica a medalha de país que mais tempo ficou sem governo em período de paz. 

É um país pequeno, mas complexo.

As suas três regiões, Flandres, Valónia e Bruxelas e as suas três línguas oficiais, francês, flamengo e alemão, contribuem para a sua riqueza cultural, mas parece que às vezes cria dores de cabeça aos políticos. E eu cá acho fantástico estar no centro da Europa e poder ir num instantinho a outros países, como aos Países Baixos, ao Luxemburgo, à Alemanha e à França.

A capital Bruxelas, significa cidade entre os pântanos e a verdade é que num momento estamos numa rua super movimentada e basta irmos para uma rua paralela que encontramos uma praça calma, um caminho com um riacho ou uma ruazinha histórica que esconde um caminho que leva a um bar cave de cervejas.

Sim, porque na Bélgica existem mais de mil marcas de cervejas e cada uma tem de ser obrigatoriamente servida no copo da marca. 

Na localidade de Puurs, entre Bruxelas e Antuérpia está situada a fábrica de uma das cervejas mais conhecidas da Bélgica, a Duval Moortgat e é também nesta localidade que se encontra a fábrica da Pfizer responsável pela produção de cerca de 1350 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.

Se já se estão a interrogar: “Ai, é? Quem diria! Um país tão pequenino…” – O pais é pequenino, mas tem a mesma população de Portugal! 

Vamos descobrir mais de história?

Victor Hugo descreveu a “Grand Place” (Grande Praça), em Bruxelas, a praça mais bela do mundo e eu concordo plenamente. A arquitetura Gótica e Barroca que a envolve são estonteantes, para além de ter sido local de encontros e debates entre refugiados políticos, artistas e filósofos ao longo dos séculos. Foi na casa de estilo Louis XIV “Le Cygne” (O Cisne), numa das esquinas da Praça, que foi escrito “O Manifesto do Partido Comunista” de Karl Marx. O autor morou três anos nesta cidade entre 1945 e 1948.

Junto à “Grand Place” temos o edifício “La Bourse, que foi o local onde se reuniram e se apoiaram milhares de pessoas aquando dos atentados em 2013. Nas paredes do edifício foram escritas palavras de encorajamento e este local foi tão importante que foi decidido que a partir desse momento este passaria a ser um ponto de encontro de pessoas, troca de culturas e partilha. Antes do Covid era normal as pessoas se encontrarem e se sentarem na escadaria da Bolsa, enquanto se expressavam através da música, dança ou através de manifestações, cortejos ou espetáculos. 

Animação não falta e a diversidade de culturas faz parte deste país. Não é de espantar que a Bélgica tenha o maior festival de música eletrónica – O Tomorrowland. 

Hoje em dia a maioria da população estrangeira que vive na Bélgica são italianos (171 918), franceses (125 061), holandeses (116 970), marroquinos (80 579), espanhóis (42 765), turcos (39 419) e alemães (37 621) e claro que nós portugueses, também estamos aqui bem representados. Imaginam a comidinha boa e a partilha cultural que é possível encontrar neste país? 

Para além dos melhores chocolates do mundo (não, não são os suíços!), das Waffles, da sua localização central e de ser palco da política europeia, a Bélgica tem muito mais para descobrir.

O que acham? Ficaram com curiosidade de conhecer esta caixinha de surpresas?

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