Tudo o que sempre quis foi ajudar os outros, sempre tive um fascínio pela área da saúde. Em pequena já lia artigos e livros relacionados com a saúde, enfermagem e também com medicina não convencional. A proximidade ao Outro fez-me escolher a profissão que tenho hoje – Enfermeira.
A escolha de área de enfermagem
O curso de enfermagem foi a minha única escolha e opção no dia em que me inscrevi na universidade.
Não foi fácil, é um curso muito exigente, com muitos estágios e muita responsabilidade. Mas depois de mais 10 anos como enfermeira vejo que foi a opção mais certa. Mais importante que ter uma formação é termos paixão pelo que fazemos.
A profissão de enfermagem
A profissão de enfermagem é vista com muito estigma. Felizmente os enfermeiros são pessoas muito competentes e com uma boa formação académica, mas não deixam de ser vistos como profissionais de segunda categoria. São mal pagos, trabalham muito e nem sempre com as melhores condições, já para não falar nesta fase crítica que afeta todo o mundo.
Tenho muita admiração pelos meus colegas enfermeiros que trabalham em Portugal. Se em países da Europa onde normalmente há boas condições de trabalho está a ser muito difícil, não consigo imaginar como está a ser no meu país.
A minha saída de Portugal
As razão que me fizeram sair de Portugal foram exatamente as já referidas: as condições de trabalho, os horários, os turnos extras que vinham programados no horário um mês antes, fora os extras que surgiam no dia a dia, para não falar no pagamento miserável das horas extras que somos obrigados a fazer.
A oportunidade para trabalhar fora do país estava em todo o lado. Havia e há anúncios na internet com ofertas de emprego para a Europa e mesmo para fora da Europa. Na altura pensei, e porque não?? Poderia sempre regressar. Não há decisões perfeitas nem decisões irreversíveis, mas naquele momento havia a coragem da mudança para uma situação profissional melhor.
No meio de todas as ofertas de trabalho em todos os cantos do mundo, a Bélgica foi a minha escolha.
Com alguns percalços no novo país, fui fazer o que sempre fiz, ser enfermeira numa unidade se cuidados intensivos.
Deixa entrar na tua vida o que tens à frente
A língua não era fácil, mesmo com curso intensivo de francês durante vários meses, aprender a língua e viver num país de língua francesa é muito diferente, mas tive a melhor escola quando cheguei à Bélgica: os meus colegas.
Com uma cultura e hábitos diferentes, Liége é uma cidade multicultural, mas são pessoas simpáticas e acessíveis e por muitas dificuldades que possa haver na adaptação a um novo país, há sempre alguém que te dará a mão. Muitas vezes digo, que foi a Bélgica que me escolheu pelo seu lado acolhedor e não fui eu que a escolhi.
Não tive sorte com empresa Portuguesa de recrutamento, mas tive sorte na UCI em que trabalhei, nos profissionais de saúde que me cruzei, e no ambiente festivo da cidade de Liège. Foi no meu trabalho e nessas pessoas que me rodearam durante 3 anos que fui buscar forças para a minha adaptação e integração fora do meu país, não foi fácil, mas essas pessoas tornaram tudo menos difícil.
Como emigrante tu descobres o país, como se o país fosse um livro, enquanto turista tu lês o livro e como emigrante tu és a personagem do próprio livro. É uma descoberta intensa em que para te sentires em casa, tens de ter a tua mente aberta e deixar entrar na tua vida o que tens à tua frente… a alimentação, músicas, o clima, ambientes, formas de estar, hábitos, etc. És a mesma pessoa, mas recetiva ao novo país.
Não se pode pensar que faz falta o sol de Portugal no inverno… tens de aprender a apreciar a beleza de acordar e tudo estar gelado e branco… começas a achar piada ter de tirar o gelo do teu carro para ir trabalhar…
Começas a gostar do anoitecer ás três da tarde para teres a cidade iluminada com as luzes de Natal. É verdade, não há nada como o mar e o sol de Portuga, mas sair dessa bolha que conhecemos e vermos a beleza de outros países foi a melhor aprendizagem que fiz como emigrante.
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Profissão ainda mais difícil nos tempos que correm.
Parabéns !
Gostei muito de ler o teu depoimento. Portugal não valoriza os bons profissionais que tem. Pode ser que um dia se arrependa dessa desvalorização mas tardia. Um abraço e felicidades e sucesso
Minha querida Inês
Vi-a crescer como profissional e como excelente ser humano, com um coração enorme e uma sensibilidade especial para o sofrimento alheio.
De frágil flor a árvore frondosa 😃 assim foi a descoberta dia após dia de uma mulher forte e corajosa que conseguiu bater asas e voar.
Que continue sempre a voar cada vez mais alto e a dignificar a nossa profissão.
Foi um orgulho ter sido sua professora.
Um grande beijinho e tudo de bom 😘😘😘
Parabéns Inês muitas felicidades.
Muito e merecido sucesso querida Inês! Beijinho de saudade.